Prossegue já desde o dia 3/11 o apagão no Estado do Amapá. A situação tornou-se tão crítica que a falta de energia está ocasionando falta d´água. Um cenário típico de “Walking Dead”, “Mad Max” ou outras distopias do gênero, conforme denúncia dos moradores do Estado.
O desastre é função de um incêndio em um transformador da Linhas de Macapá Transmissória de Energia (LMTE), na subestação de Macapá, também no dia 3. A LMTE é de propriedade da empresa espanhola Isolux, responsável pela transmissão de energia da Usina de Tucuruí para o Amapá. Responsável pela transmissão de energia para o estado, ela vende a energia para a Companhia de Energia do Amapá, empresa estadual estatal, que o Governo Federal quer forçar a privatização por meio de Medida Provisória.
A Isolux ganhou a concessão da linha de transmissão em um leilão realizado no Governo Lula, em 2008. Presta um péssimo serviço e está em retração no mercado internacional, cedendo espaço para empresas chinesas por não ter capacidade de investir. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica iniciou processos de cassação de contratos de concessão da Isolux em outros lugares.
Como alternativa, técnicos do setor sugerem a construção de uma segunda casa de força na Hidrelétrica de Coaracy Nunes, para melhorar o suprimento de energia ao Amapá.
Enquanto o Governo Federal mostra descaso, parecendo mais preocupado em fazer torcida por uma virada milagrosa de Trump nas eleições estadunidenses, um estado estratégico como Amapá, o qual representa o atual Presidente do Senado Davi Alcolumbre, padece sem muita atenção da grande mídia. O Ministro de Minas e Energias Bento Albuquerque visitou o Amapá, mas apenas falou de prazos, sem propor ações efetivas, enquanto Bolsonaro faz seu tour por Paraná e Santa Catarina, com direito a pagar flexões de braço com agentes da PF, para mostrar que tem “físico de atleta”.
Esse evento no Amapá demonstra o que pode acontecer com o desmantelamento total da rede pública de fornecimento e transmissão de energia, caso se confirme o projeto de privatização da Eletrobrás. Apagões que podem gerar graves crises, até humanitárias, que podem despertar ainda mais a cobiça internacional, diante do entreguismo que vigora em setores-chave do Governo Bolsonaro.
Não custa lembrar que o Amapá é um dos pontos principais da Fronteira Norte do Brasil, vizinho do território ultramarino da Guiana Francesa.