Por Andrew Korybko
Na entrevista coletiva anual de fim de ano, na quinta-feira, Vladimir Putin enviou mensagens muito fortes aos EUA. A primeira que ele transmitiu foi sua condenação aos esforços de alguns países, em grande parte implícitos como sendo os EUA e seus aliados, de culpar a China por a pandemia COVID-19. O líder russo confirmou que não viu nenhuma evidência que apoiasse suas teorias bizarras. Ele também pediu aos Estados Unidos que suspendam as sanções contra outros países para ajudá-los a combater o vírus.
O presidente Putin negou veementemente as alegações de que seu país hackeado as eleições americanas de 2016 e 2020. Ele disse que essas falsas alegações resultaram na manutenção de laços bilaterais como reféns dos assuntos internos da América, o que é contra os interesses de ambos os países. Putin também se manifestou contra a outra narrativa de guerra de informação dos EUA, acusando o líder russo de ordenar, pessoalmente, a tentativa de envenenamento de um blogueiro anticorrupção durante o verão que agora está recebendo tratamento na Alemanha. O presidente Putin alegou que esse indivíduo coopera com os serviços de inteligência dos EUA, que ele insinuou que podem tentar se intrometer nas eleições russas do próximo ano.
Afinal, observou ele, as forças estrangeiras já estão interferindo nos assuntos políticos da vizinha Bielorrússia. Ele é totalmente contra essas provocações, dizendo que as mudanças em qualquer país devem ser impulsionadas internamente e não influenciadas por atores externos.
Ele está otimista, no entanto, de que tudo acabará bem, assim como ele espera que a paz chegará em breve à região do Donbass na Ucrânia. Este último, no entanto, dependerá da vontade política da liderança ucraniana, que ele acusou de violar o direito internacional ao não cumprir os Acordos de Minsk.
Os EUA não estão apenas se intrometendo na antiga esfera soviética, mas também na Europa. O presidente Putin criticou os esforços dos EUA para interromper o gasoduto Nord Stream II de seu país para a Alemanha, mas espera que o próximo governo respeite todos os direitos de seus parceiros de se envolver em relações ganha-ganha com a Rússia.
Ele também espera que o novo acordo nuclear START (acordo de limitações de armas estratégicas, vigente desde os anos 1970) entre seus países seja prorrogado por pelo menos mais um ano antes de expirar em fevereiro, caso contrário, a estabilidade estratégica global irá piorar seriamente. Sobre esse assunto, ele lembrou a todos que a Rússia não tem culpa de nada disso.
O presidente Putin disse que o mundo já está no meio de uma nova corrida armamentista que começou depois que os EUA se retiraram do Tratado de Mísseis Antibalísticos. Isso, por sua vez, levou a Rússia a pesquisar defensivamente a tecnologia de mísseis hipersônicos, algo que ele disse que os EUA também desejam atingir, mas para fins nefastos. O líder russo afirmou que a América quer usar essa tecnologia para desferir ataques de alta precisão em qualquer lugar do mundo. Isso poderia minar a capacidade de dissuasão nuclear da Rússia e, assim, piorar a estabilidade estratégica global.
De acordo com o presidente Putin, a expansão constante da OTAN para o leste desde o fim da velha Guerra Fria ameaça os interesses nacionais da Rússia. Ele também expressou preocupação com a rede global de bases militares dos Estados Unidos e seu enorme orçamento militar de aproximadamente US $ 770 bilhões por ano, que supera em quase dezessete vezes o da Rússia, de cerca de US $ 46 bilhões. Outro ponto sério de preocupação é o abandono da administração Trump de vários pactos estratégicos com a Rússia nos últimos anos, incluindo o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) e o Tratado de Céus Abertos.
Ao todo, Putin projetou uma imagem de força, confiança e determinação na defesa dos legítimos interesses nacionais da Rússia. Ele enviou aos Estados Unidos a mensagem de que seus movimentos militares agressivos e intrometidos são inaceitáveis, assim como seus esforços ridículos para culpar a China pelo COVID-19. No entanto, o líder russo está aberto à cooperação com o próximo governo dos EUA e espera que seja muito mais pragmático do que o anterior. A bola está, portanto, na quadra do presidente eleito Joe Biden, que pode continuar a hostilidade perigosa do presidente dos EUA Trump contra a Rússia ou traçar uma nova era de cooperação com o mundo inteiro.
Os nomes russos são formados pelo nome, patronímico e sobrenome da família.
Geralmente o patronímico é formado pelo nome do pai acompanhado de sufixo “ich”, “vich” ou “evich” para masculino e “ovna”, “evna” ou “ichna” para feminino.
Por exemplo: Vladimir Vladimirovich significa que o pai de Vladimir também se chamava Vladimir. Portanto, se está falando Vladimir, filho de Vladimir.
A entrevista completa, com transcrição em russo de tudo o que falado, de Vladimir Vladimirovich Putin pode ser encontrada em: http://kremlin.ru/events/president/news/64671
PS: É possível acompanhá-la em um computador utilizando 3 janelas, uma para o vídeo, outra com a transcrição da fala em russo e a última com a transcrição traduzida para o português. Com isso é possível ir entendendo algumas palavras em russo.
PS2: (alá RM😂) Rubão, tentei postar essa resposta no Portal Rubem Gonzalez no Telegram, mas “os admins do grupo me restringiram de escrever” 😢 (que será que eu fiz de errado?).
Taí um bom programa de domingo, ver a entrevista completa do Presidente Putin acompanhando-a em português.