
Por Fausto Oliveira.
A Intelbras, fabricante catarinense de equipamentos e sistemas para telecomunicações e dispositivos eletrônicos de segurança, anunciou a aquisição de 75% da também catarinense Khomp, que desenvolve sistemas e serviços para as mesmas áreas atendidas pela Intelbras.
A aquisição se justificou, segundo a Intelbras, pela complemetaridade dos portfólios de produto: a Khomp se especializou em softwares e produtos para controle de acesso e soluções de “internet das coisas” para agronegócio, saúde, gestão inteligente dos espaços urbanos e energia, além de produtos específicos para os chamados call centers.
A aquisição do controle acionário da Khomp ocorre dois meses após a abertura de capital do Grupo Intelbras na Bolsa de Valores. Segundo a direção da empresa, os recursos para a transação foram oriundos da captação com a oferta inicial de ações.
De acordo com o comunicado da Intelbras, a previsão de investimentos da empresa catarinense é de R$ 460 milhões no prazo de um ano e meio a partir do início de 2021. Deste total, R$ 170 milhões serão alocados na ampliação da capacidade produtiva em suas unidades de São José (SC), Tubarão (SC), Santa Rita do Sapucaí (MG) e Manaus (AM).
Fundada em 1976, a Intelbras é hoje um grupo empresarial que detém controle sobre as empresas Maxcom, Automatiza, Engesul, Décio e Seventh. A este grupo de marcas soma-se agora a Khomp. A empresa é uma exportadora de produtos manufaturados para a América Latina, e tem cerca de 4 mil empregados.
Num cenário de perdas talvez irreparáveis em termos de densidade produtiva no país, a consolidação da Intelbras como grupo nacional de tecnologia de comunicações e afins é uma excelente notícia. Muitos podem pensar, não sem razão, que logo esta grande empresa catarinense poderá ser vendida para algum concorrente estrangeiro. No Brasil, isso sempre é possível e os muitos casos recentes justificam a advertência.
Porém, também é possível pensar pelo exato oposto: a criação de um grande grupo nacional para este segmento de mercado, sem concorrentes domésticos, pode indicar o caminho da imposição da Intelbras no mercado internacional. Não como um ativo econômico de compra fácil, mas como um competidor brasileiro relevante e respeitado.
Publicado em Revolução Industrial Brasileira em 13.04.2021.