Por Alberto Monteiro.
O título imperial dos monarcas brasileiros foi ideia de José Bonifácio, por duas razões, uma popular e outra erudita.
A primeira era que o povo brasileiro já estava mais acostumado e até mais familiarizado com o título de “imperador”, por causa da coroação do “imperador do Divino” nas festas do Espírito Santo. A segunda era que o título de rei remetia ao Antigo Regime e ao feudalismo da Europa, que Bonifácio abominava.
“Imperador” era um título mais republicano: tanto que a República Romana não foi formalmente abolida quando Augusto assumiu o título imperial e o próprio Napoleão assumiu esse título num contexto republicano e plebiscitário. Os monarcas brasileiros não se declaravam imperadores apenas “por graça de Deus”, mas também “por unânime aclamação dos povos”, ou seja, apelava-se para o consentimento popular, como Napoleão I e III apelaram para plebiscitos.
Aliás, quando Napoleão dissolve o Império Romano-Germânico em 1806, em prol de seu Império Francês proclamado em 1804, é como se a dignidade imperial fosse devolvida pelos germânicos aos latinos. A própria Revolução Francesa pode ser vista como uma guerra étnica, do Terceiro Estado de origem romana e gaulesa contra a nobreza invasora de origem germânica
O problema do Império napoleônico é que ele foi efêmero: derrotado em 1815, restaurado em 1852, mas definitivamente destruído em 1870
E o grande problema geopolítico do Império Napoleônico foi entrar em confronto ao mesmo tempo com a Grã-Bretanha e o Império Russo. Se Napoleão não invadisse a Rússia em 1812, hoje o mundo seria bem diferente.