Por Felipe Quintas
- Os bandeirantes não eram “colonizadores”, eram nativos da terra que sequer falavam português, só a língua geral (derivada do tupi). Quase todos caboclos ou indígenas (como o Cacique Tibiriçá, líder bandeirante) que eram frequentemente reprimidos pelos portugueses, sendo um dos episódios mais dramáticos a Guerra dos Emboabas, em que a Coroa portuguesa destruiu os bandeirantes para se apossar das minas de ouro e diamantes descobertas por eles e poder pagar suas dívidas com a Inglaterra.
- Os bandeirantes não eram “genocidas”, simplesmente para entrar no interior tinham que tomar parte nos confrontos sanguinários e até mesmo canibais que existiam desde antes de 1500 entre tribos indígenas rivais. Não havia STF, ONU e Tribunal Internacional de Haia na época, os conflitos só podiam ser resolvidos na flecha e na bala.
- Os bandeirantes não estavam a serviço da Igreja Católica para catequizar indígenas, muito pelo contrário, eram quase todos pagãos e entraram muitas vezes em choque contra os jesuítas, principalmente no sul, onde os jesuítas eram mais ligados à Espanha, ainda que no norte, onde eram mais ligados a Portugal, alguns jesuítas tenham aderido às bandeiras.
- Os bandeirantes não eram latifundiários nem trabalhavam para senhores de engenho, pelo contrário, se fossem seriam sedentários e não se aventurariam pelo interior ocupando-o com a policultura de subsistência.
- Domingos Jorge Velho de fato reprimiu o quilombo dos Palmares. Contudo, quem enfrentou e matou os quilombolas, muitos dos quais indígenas, foram os próprios indígenas bandeirantes. A maior parte da repressão ao quilombo do Palmares não foi do branco malvadão de olhos azuis contra os pretos coitadinhos, mas índio matando índio, movidos por rivalidades tribais.
- Borba Gato não fazia parte das bandeiras de aprisonamento, mas de mineração. Foragido por matar um português, viveu décadas entre os índios, sendo por eles aclamado como líder.
- Os “paulistas”, como eram chamados os bandeirantes, não eram apenas os nascidos onde hoje é o estado de SP, pois a capitania de São Paulo, até o início do século XVIII, abarcava também onde hoje são MG, PR, GO, MT, MS, TO e RO. Todos os nascidos nessas regiões, de ocupação bandeirante, eram paulistas.
- O sertanejo nordestino é descendente dos bandeirantes, que ocupou o interior do nordeste com o tipo mameluco predominante no planalto paulista da época. O matuto e o sertanejo vêm da mesma raiz bandeirante. Logo, não faz o menor sentido contrapor o nordestino ao paulista.
- A primeira experiência de democracia representativa no Brasil foi a eleição para a câmara de Cuiabá, no século XVIII, uma cidade bandeirante.
- Quem nacionalizou a imagem positiva dos bandeirantes não foi a oligarquia paulista, mas Getúlio Vargas, o maior inimigo delas. Ele exaltava os bandeirantes em discursos, panfletos e nos currículos escolares, além de ter criado o Museu das Bandeiras. A oligarquia paulista, ao contrário, sempre desdenhou dos bandeirantes, homens rudes e voltados para dentro do país, indiferentes e até mesmo hostis aos modismos estrangeiros (quando ajudaram a expulsar holandeses e ingleses do Brasil) tão ao gosto da oligarquia paulista. A mídia liberal paulista, inclusive, é uma das que mais se empenham hoje em desconstruir a memória bandeirantista.
- Dicas de leitura:
Marcha para Oeste (1940) – Cassiano Ricardo
O Brasil na América (1929) – Manoel Bomfim
Viva os bandeirantes!! Viva o Brasil!!
Gratíssima, Felipe Quintas! Texto exemplar para trabalhar com meus alunos na volta às aulas, em agosto! A propósito, vou trabalhar também o mês do folclore. Viva o povo brasileiro! Viva ao Brasil!!! <3
30/07/2021 Em tempos de Tico e Teco( Tik Tok) um texto enxuto,porém,esclarecedor,instrutivo e ao final com indicações literárias sobre o assunto.Parabéns!