Por Breno Baral.
Eu não gosto do Bolsonaro, acho o governo dele, em meros termos administrativos, desastroso, mas se alinhar com essa turma do STF e apoiar o que eles estão fazendo só pra fazer oposição é algo completamente descabido.
Quando os membros do atual Supremo vêm com esse papo de “ameaça à democracia” vocês precisam entender que o que está em jogo é uma interpretação do que seja a democracia e não a democracia brasileira de fato que é regulamentada por uma constituição.
Mesmo quem é oposição ao atual governo, se tem um pingo de honestidade, precisa reconhecer a arbitrariedade de seus ministros ao condenar cidadãos por “crime” não previsto em lei e pior, com o processo não transitado em julgado, ainda numa fase de inquérito (nem a inquisição medieval foi assim).
Bem diferente da postura que tiveram com o canalha-mor do país, Lula. Só tudo isso já mostra que as ações dos ministros do STF não são ações de Estado, mas políticas e absolutistas, pois não são regulamentadas e amparadas por um Estado de Direito, isto é, as leis; e mais ainda, são ações ideológicas. O que está em jogo é a interpretação que eles têm da democracia.
Vejamos uma frase do ministro Barroso: “A corte (STF) tem o papel iluminista de “empurrar a história”, promovendo, “certos avanços sociais”, mesmo contra o sentimento majoritário em casos como o das uniões homoafetivas.“
Agora vejamos um trecho do livro de Mathieu Bock-Côte, “O Multiculturalismo como Religião Política”, sobre as mudanças nos conceitos de democracia engendrados pela nova esquerda e pelo progressismo liberal globalista a fim de alterar as noções e formas dos Estados nacionais e, consequentemente, reduzir as soberanias nacionais:
“A legitimidade democrática, passaria, a partir de agora, por um reconhecimento da soberania do direito. (…) Embora a soberania popular não tenha sido abolida, encontra-se agora reduzida a uma poção mínima do poder político. (…) O poder democrático é condenado à impotência. Um constitucionalismo apropriado à sociedade pluralista será chamado a exercer uma soberania sobrepujante sobre o corpo social. Os grupos marginalizados, as minorias, são chamadas a fazer valer seus direitos contra as práticas sociais que limitariam sua emancipação, e assim o direito se torna um recurso prioritário a ser mobilizado contra a soberania popular, não raro assimilada a uma tirania da maioria. A esquerda multicultural vê nos direitos humanos um instrumento para a condução do avanço das reivindicações minoritárias. Uma mudança de regime se realiza sorrateiramente. (…) Pode-se dizer que a JUDICIARIZAÇÃO da dimensão política representa o ponto culminante do desmantelamento da democracia liberal; o império dos direitos humanos vem por fim substituir a soberania popular, transformada numa relíquia simbólica cuja defesa, ao que parece, fica reservada à “direita populista“.