Por Antonio Júnior
(Leia a parte 1 e parte 2)
Continua George Soros: “Em contraste com Deng Xiaoping, Xi Jinping é um verdadeiro crente no comunismo (a teoria olavista de que os globalistas são comunistas cai por terra). Os seus ídolos são Mao Tsé-tung e Lenin. Na celebração do centenário do PCCh, Xi Jinping surgiu vestido como Mao Tsé-tung, enquanto o resto da plateia usava traje formal.
“De acordo com as regras de sucessão estabelecidas por Deng Xiaoping, o mandato de Xi Jinping no poder devia terminar em 2022. Mas Xi Jinping, inspirado por Lenin, acumulou um controle firme sobre os militares e todas as outras instituições de repressão e vigilância. Criteriosamente, coreografou o processo que o elevará ao nível de Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping e que o tornará governante para toda a vida. Para o conseguir, Xi Jinping teve que reinterpretar a história do PCCh para mostrar que isso o leva, logicamente, à nomeação para pelo menos mais um mandato.
“Xi Jinping tem muitos inimigos. Embora ninguém possa se opor a ele publicamente, uma vez que controla todas as alavancas do poder, há uma luta a formar-se dentro do PCCh que é tão acirrada que encontrou expressão em várias publicações do partido. Xi Jinping está sendo alvo de ataque daqueles que se inspiram nas ideias de Deng Xiaoping (globalistas infiltrados?) e querem que se dê maior destaque à iniciativa privada.
“O próprio Xi Jinping acredita que está introduzindo um sistema de governo que é intrinsecamente superior à democracia liberal. No entanto, governa por intimidação e ninguém se atreve a dizer-lhe o que ele não quer ouvir. Como resultado, é difícil abalar as suas crenças, mesmo à medida que o fosso entre as suas crenças e a realidade tenha vindo a aumentar cada vez mais (…).
“Como os Jogos Olímpicos de Inverno são o projeto de prestígio de Xi Jinping, o governo está fazendo um esforço incrível para tornar esse evento um sucesso. Os atletas estão hermeticamente isolados da população local, mas não faz sentido continuar o esforço após o evento. É pouco provável que os confinamentos em toda a cidade funcionem contra uma variante tão infecciosa como a Ômicron. Isso é evidente em Hong Kong, onde o surto da variante Ômicron parece cada vez mais sério. No entanto, o custo da política “covid zero” está aumentando de dia para dia, pois a cidade está isolada do resto do mundo e até da China. Hong Kong destaca o desafio alargado que a Ômicron representa para Xi Jinping.
“Xi Jinping tentou impor um controle total, mas falhou. Dada a forte oposição dentro do PCCh, a ascensão cuidadosamente coreografada de Xi Jinping ao nível de Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping pode nunca ocorrer.
“Espera-se que Xi Jinping seja substituído por alguém menos repressivo internamente e mais pacífico para com o exterior. Isso eliminaria a maior ameaça que as sociedades abertas enfrentam atualmente, e estas deveriam fazer tudo ao seu alcance para encorajar a China a avançar na direção desejada.”
Analisando os discursos de Soros durante os últimos vinte anos, podemos perceber como os interesses geopolíticos da elite dominante moldam-se de acordo com a alternância dos chefes de Estado das grandes potências mundiais. Ou seja, diferentemente de alguns anos atrás, hoje os globalistas estão alinhados com os EUA de Biden e contra a China de Xi. Assim como no romance de Mary Shelley, o criador voltou-se contra a criatura, e vice-versa.
Obs: A China atual, assim como a Rússia de Putin (talvez até mesmo o hipotético EUA de Trump), não são nossos inimigos. No máximo, adversários no jogo natural de interesses entre países soberanos. Nossos verdadeiros algozes são os “iluminados perfeitos” que se acham donos do mundo, a elite dominante financeira ocidental (globalista ocultista) representada pelos lacaios apátridas que destroem a identidade dos povos, dividem sociedades, manipulam governos, exploram a riqueza dos Estados-nação e instrumentalizam as superpotências em benefício próprio.