Por Andrew Korybko, da OneWorld
A Meta, empresa anteriormente conhecida como Facebook, anunciou que bloqueará o acesso à RT e à Sputnik na União Europeia (UE) após esta ter solicitado o banimento desses veículos. Os países do bloco têm o direito soberano de proibir qualquer mídia que desejem, mesmo que os pretextos não sejam credíveis, assim como o Facebook tem o direito de cumprir seu pedido, mas isso não os torna nada menos hipócritas. De fato, tais fatos expõem a falácia da retórica ocidental encabeçada pelos Estados Unidos sobre a “liberdade de expressão”, uma questão importante de observarmos.
Uma espessa névoa de guerra tomou a operação especial da Rússia na Ucrânia, a qual tem motivado uma inédita campanha de guerra informacional direcionada à potência euroasiática depois que Putin foi forçado a recorrer a meios militares para garantir a integridade das linhas vermelhas de segurança nacional do seu país sobre o país vizinho, que, em consonância com os Estados Unidos, se negou a empregar meios diplomáticos para solucionar a crise. Neste quadro, os países europeus, vassalos dos norte-americanos, receiam que seus cidadãos saibam a verdade sobre esse conflito, razão pela qual rapidamente decidiram bloquear o acesso aos principais veículos de mídia da Rússia.
As grandes revoltas populares em toda a Europa contra as restrições da Covid-19 (restrições estas que muitos consideram serem motivadas politicamente) poderiam, em tese, transformar-se no maior movimento antiguerra que o continente já viu se um número suficiente de pessoas percebesse que a aliança anti-Rússia promovida pelos EUA fosse a responsável por provocar o conflito ucraniano. Essa é a principal razão pela qual a UE não pode arriscar que seu povo acesse a mídia russa e assim descubra a verdade e, posteriormente, proteste contra o papel de seus governos no desencadeamento dessa crise.
A narrativa “politicamente correta” que era mantida à força em toda a União Europeia era a de que todas as pessoas desfrutam de uma suposta liberdade de expressão, o que naturalmente valeria para todos os veículos midiáticos em termos de poderem expressar visões contrárias às declarações de autoridades sobre qualquer coisa que seja, incluindo a maior crise de segurança em décadas e talvez em toda a história moderna. Os líderes europeus, supostamente, também acreditavam que sua população era educada o suficiente para chegar às suas próprias conclusões sobre várias questões por intermédio da leitura de relatos diversificados antes de definir suas opiniões.
Isso claramente não é mais o caso, se é que um dia o foi, depois que a UE pediu para o Facebook restringir o acesso de seus usuários aos veículos midiáticos russos após o bloco ter banido esses veículos. Tal medida revela a maneira condescendente que a UE trata seus cidadãos já que não acredita que eles podem formar suas próprias opiniões sobre o conflito ucraniano. Ao invés disso, Bruxelas está inflexível sobre assegurar que haja somente um fluxo de informação anti-Rússia, pelo fato de recearem que os europeus protestem nas ruas da Europa contra a OTAN caso realmente venham a saber da verdade.
Tudo isso mostra que a UE é comandada pelo que pode ser descrito como “totalitários liberais” que não toleram qualquer dissidência em relações a suas guerras informacionais “politicamente corretas”. Isso os torna precisamente o que eles falsamente atribuem à Rússia, isto é, o estigma de “autoritária”, expondo assim a hipocrisia por trás do modelo de “democracia” do Ocidente. Há um “Novo Muro para uma Nova Guerra Fria” que está sendo erguido no ciberespaço, e que está ocorrendo em detrimento da liberdade dos cidadãos ocidentais em acessar análises, notícias e opiniões vindas da Rússia.