Por Felipe Quintas.
Somando os votos de Le Pen, Mélenchon e Fabien Roussel, do Partido Comunista, mais de 45% do eleitorado francês apoia, em princípio, temas estruturantes como a saída da União Europeia e da OTAN, a nacionalização de setores estratégicos, o fim do passaporte vacinal e o fortalecimento do Estado social, pautas comuns aos três candidatos.
Porém, quando Mélenchon e Roussel, fora do segundo turno, conclamam seu eleitorado a não votar em Le Pen e, portanto, declaram na prática o apoio a Macron, que é a antítese da agenda que eles dizem defender, eles mostram que, mesmo no âmbito estritamente eleitoral, não têm vontade ou disposição para levar adiante seu próprio programa.
Não se trata de capitulação, pois, para isso, precisariam no mínimo ser eleitos e sofrer as pressões contrárias, como foi o caso do Syriza, mas de descompromisso e de alinhamento tácito ao lado que dizem combater. Na prática, se mostraram aliados de Macron, como também seria o caso de Le Pen, se, fora do segundo turno, ela sugerisse ao seu eleitorado não votar em Mélenchon ou Roussel, caso eles permanecessem no pleito.
Eles podem até garantir algumas cadeiras legislativas no curto prazo, porém, num horizonte mais amplo, não sendo capazes de oferecer ou de testar uma alternativa real, já podem se considerar herdeiros do fracasso do Partido Socialista, sem ter chegado a desfrutar da posição de poder que o PS gozou por décadas.
O Éric Zemmour da extrema direita nem queria sair da OTAN, só queria “mãos livres” para atacar a Argélia, parece que ele tem um ódio pessoal daquele país. Todos os países da OTAN são capachos dos gringos e não tem agenda própria.
Realmente é complicado dar um voto de confiança para alguém que é da extrema direita. O complicado de apoiar a Le Pen é justamente o risco dela repetir o que fez o Bozo aqui no Brasil. O governo do Bozo foi perda total, mas quatro anos dessa quadrilha e o Brasil vira um Sri Lanka (aquela ilha embaixo da Índia).
Entendo que eles (esquerda francesa) poderiam apoiar ela, mas colocar como se eles tivessem obrigação de fazer isso é um exagero. Pior é apoiar o Macron que é um sujeito repugnante, um empregado dos Rothschild. Pelas informações que tenho sobre os dois candidatos eu “ficaria em casa” no dia da votação.
A realidade é que para sair da União Europeia e da OTAN, qualquer candidato que ganhasse as eleições com essa agenda, teria que enfrentar o establishment.