
Por Frente Sol da Pátria
No dia 29 de Abril, rememorou-se o nascimento do poeta e crítico Osório Duque-Estrada. Embora tenha exercido as carreiras de diplomata e professor, Duque-Estrada é nome que figura no panteão nacional por ser o autor dos versos decassílabos que se tornaram o Hino Nacional Brasileiro. Junto ao Brasão Nacional, à Bandeira do Brasil e ao Selo Nacional, o Hino faz parte dos quatro símbolos oficiais representativos de nossa República Federativa.
Com música de Francisco Manuel da Silva, o Hino passou por diversas modificações até chegar em seu formato atual. De forte teor parnasiano, ainda que o próprio Osório Duque-Estrada fosse também inspirado pela geração romântica, os decassílabos exaltam o ato da independência do país, as belezas naturais do Brasil, a amplitude de sua terra, a luta e a esperança de um novo “Florão da América”.
Antes executado regularmente em escolas, competições esportivas e atos cívicos, recentemente o Hino Nacional começou a ser associado a determinados grupos políticos que, de certa forma, o “reivindicaram” e dele fizeram uso para seus projetos de influência. Ainda mais: em entrevista, o ator e “influenciador” Guilherme Terreri- mais conhecido pelo nome artístico Rita von Hunty- afirmou que a letra do Hino Nacional é “elitista”; segundo ele, o Hino não é “pra você entender, é só pra você cantar (sic)”. Um dos argumentos do ator para sustentar sua fala é o de que as inversões sintáticas presentes já nos primeiros versos do Hino – “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas” ao invés da ordem direta “As margens do Ipiranga ouviram”- seriam provas cabais do caráter aristocrático dos versos.
Deveras, quem se revela preconceituoso e elitista é o próprio ator e influenciador. Ora, por que nosso povo não é capaz de entender o Hino? Se Rita von Hunty procurar conhecer nosso país, vai deparar com não poucos cantadores que, embora tenham recebido pouca educação formal (a educação fora dos espaços escolares), usam métricas complexas, como as décimas e o martelo agalopado. As martelianas foram, inclusive, refinadas pelos nossos repentistas, pois, ao contrário do nosso martelo agalopado, as originais não tinham compromisso com o número de versos para a composição das estrofes, alongando-se com rimas pares até alcançar o efeito de sentido desejado.
Sim, é verdade que o hipérbato (a inversão sintática de que fala o fraco polemista) pode dificultar um pouco a compreensão imediata do texto, mas não é nenhum bicho de sete cabeças. Ainda é abordada amiúde nas aulas de Língua Portuguesa. A grita contra o hipérbato só pode partir de uma malta que quer tudo pasteurizado, mastigado, fácil.
De resto, e daí que o Hino não é “pra você entender, é só pra você cantar”? O que importa é que o povão canta, sim, o Hino, e ainda impressiona o mundo.
Pouco antes da partida entre Brasil e Croácia, jogo inaugural da Copa do Mundo de 2014, um Itaquerão lotado cantou o Hino Nacional em uníssono, a capella. Nossos atletas chegaram a chorar enquanto entoavam os versos de Joaquim Osório Duque-Estrada.
Pelo jeito, von Hunty não entende bulhufas de Brasil. Ele, que se melindra todo com o hipérbato, não se incomoda nem um pouco com outro tipo de inversão, a inversão dos valores do nosso povo e dos seus símbolos.
Mudar a letra do hino, como propõem certos progressistas, não é a solução, mas sim trabalhar por um nível educacional que propicie a todos a entenderem, não só suas inversões sintáticas, mas também em todos os chamados níveis linguísticos. Os direitistas saudosos do regime militar, por outro lado, não têm autoridade moral para criticar essa reivindicação progressista, pois os acordos MEC-Usaid depauperaram o ensino da nossa língua, a língua de D. Dinis e Camões, e aboliram o ensino do latim nas escolas públicas, ao passo que o idioma permanece no currículo dos países europeus que falam línguas neolatinas.
Nosso Hino é um legítimo símbolo nacional, e sua letra é inteligível, bela e eterna!
PÃO, TERRA, TRADIÇÃO!
Essa tal Drag é elitista pró sionismo mundial. Embora considere o hino fraco perante ao hino à bandeira e ao hino da independência, chamar Duque Estrada e o outro compositor de elitista é a forma mais perversa que os privatistas liberais têm.