
Por Lorenzo Carrasco.
Ao mesmo tempo em que o Parlamento Europeu aprova a exigência de “desmatamento zero” para importações de carne e soja, a Europa abate suas florestas para obter lenha, que já é a principal fonte de energia “renovável” no continente.
Reportagem do “New York Times” mostra que países da Europa Central estão derrubando suas últimas florestas naturais para a produção de pellets de madeira, fonte de energia subsidiada e considerada como “carbono neutro”, pois supostamente viria de reflorestamentos.
“As pessoas compram pellets de madeira pensando que isso é uma escolha sustentável, mas na realidade estão favorecendo a destruição das últimas florestas naturais da Europa”, disse David Gehl, da ONG Agência de Investigação Ambiental.
O Parlamento Europeu quer eliminar os subsídios do setor, mas vários governos dizem que não é hora de interferir nele, devido à redução do abastecimento de gás natural e petróleo da Rússia, e pressionam pela manutenção dos subsídios. Subsídios para cortar florestas, vejam bem.
Em 2021, o Tribunal de Contas Europeu alertou que a situação de muitas dessas florestas supostamente protegidas encontra-se em um “status de conservação péssimo ou ruim”.
Ora, não há diferença entre o dióxido de carbono emitido pela queima de lenha e por incêndios florestais. Por que o CO2 europeu é “carbono neutro” e o de queimas no Brasil é uma “ameaça” ao clima global? A resposta é: hipocrisia, teu nome é União Europeia.
E outra evidência desse surrealismo ideológico “verde” é o fato de a Europa, o continente mais tecnologicamente avançado, estar regredindo na densidade energética da sua matriz, trocando a nuclear, gás natural e petróleo por lenha, o combustível mais primitivo conhecido.
Hipócritas. Esse silêncio midiático e conveniência para com a União Europeia realmente faz uma pessoa de bom carater se perguntar qual é o lado certo.