
Por Felipe Quintas.
Lula ganha a eleição para presidente, pois o 2º turno são favas contadas. O triunfo o consagra depois da prisão e restabelece seu prestígio histórico. Porém, Bolsonaro, ao contrário do que desejava a grande mídia, não é humilhado e mostra que ainda representa uma parte grande da sociedade. Mais ainda, o bolsonarismo ganha força no tão almejado Senado, com vários membros do governo Bolsonaro sendo eleitos. Por sua vez, a Lava Jato ganha a sonhada representação parlamentar no Senado e na Câmara, o agro preserva o controle sobre seus estados e o dito centrão mantém o comando do Congresso como um todo.
O resultado eleitoral consolida o equilíbrio parlamentarista de poder da Nova República. Todos conseguem o que queriam mas ninguém abocanha tudo. O “gran finale” será o compromisso final de Lula com Temer para conseguir o apoio de Simone Tebet e fechar com chave de ouro o 2º turno, garantindo que não haverá revanchismo nem tentativa de retorno ao pré-2016.
O que esperar para os próximos 4 anos: um governo PT fraco mas estável, sempre encostado na parede pelo Congresso mas suficientemente articulado com as oligarquias partidárias para preservar a governabilidade. Será um governo tímido e de pequenas ambições, circunscrito ao pragmatismo parlamentarista. Não haverá guinada à esquerda e o identitarismo felizmente terá pouco espaço para barganhar posições de poder. Tampouco o bolsonarismo ocupará as ruas, pois estará representado institucionalmente o bastante para poder vocalizar institucionalmente suas demandas. Com o tempo tenderá a ser absorvido ao centrão, o que já está em curso. A juristocracia perderá força frente a um Congresso mais independente, especialmente pelo poder de veto de um Senado mais bolsonarista, e também porque será menos requisitado com a saída de Bolsonaro.
O grande derrotado: Ciro Gomes. Sobre ele, caberia um texto à parte. Mas, basicamente, ele se recusou a sentar à mesa para negociar e ficou de fora. O que ele fizer daqui por diante é uma incógnita, mas também irrelevante. Cabe citar também o PSDB como derrotado, pois perde o bastião paulista, porém, diferentemente de Ciro Gomes, ao menos uma parte dele continuará tendo espaço, aliada ao PT para ser a fiadora do partido frente ao poder financeiro.
Resumo do dia: como de praxe na história brasileira, uma grande conciliação de elites mantém o país unido ainda que abaixo das suas potencialidades. Não é o ideal, mas temos sorte, pois poderia ser MUITO pior. Apesar de tudo, mantemo-nos unidos e brasileiros. Não deixemos que radicais e extremistas, geralmente vinculados a interesses externos, esfacelem o país em nome das suas ideologias babacas.