
À medida que o Governo Lula já começa a se complicar, a oposição mal consegue se articular. Lula mostra-se incapaz de modificar a macroeconomia suicida que sua equipe econômica defende, escorando-se no apoio de seu novo “amigo do peito” Joe Biden, mas mesmo assim a oposição não consegue atingir o melhor ângulo para bater em um governo que já começa com uma alta taxa de rejeição.
Não estamos falando da postagem desastrada de Eduardo Bolsonaro em rede social, que veio a criticar a alta nos combustíveis com uma imagem do ano passado, quando seu pai ainda ocupava a presidência, mas que diante da retirada das isenções fiscais sobre os combustíveis o líder da oposição no Senado, o ex-ministro Rogério Marinho, faz é entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade pela instituição do imposto de exportação sobre o óleo cru – uma das poucas medidas acertadas da equipe econômica.
Por sua vez, o “deputag” Nikolas Ferreira toma parte no picadeiro da Câmara dos Deputados ao colocar uma peruca loura, do tipo do personagem de desenhos animados He Man, para saudar o Dia Internacional da Mulher, assumindo-se ironicamente como “Nicole”, em crítica pela apropriação pela data das “mulheres trans”. O que serviu para criar polêmica fácil nas mesmas redes, com deputados da base governista pedindo a cassação do deputado em seu primeiro mandato, em moção de censura. Nessa hora, alguns esquecem que a liberdade constitucional de opinião para os congressistas vale para todos, independentemente de filiação ideológica.
Na verdade, a oposição bolsonarista parece incomodada em ter que bater de frente com um governo com apoio dos EUA – ainda que não seja do campo político que mais lhe agrada. Um governo pressionado a se tornar simpático à Ucrânia e mesmo a condenar o ex-aliado sandinista Daniel Ortega, o que Lula (a contragosto ou não) vem se dispondo a fazer, ainda que a passos lentos. Não custa lembrar que o próprio Jair rompeu o silêncio a respeito da política nacional ao criticar a entrada dos navios iranianos no Porto do Rio Janeiro: “no meu governo, isso jamais teria acontecido!”, diz, como se estivesse prestando contas. Nada que pudesse desagradar EUA, nem Israel (independentemente se um democrata ou republicano estiver ocupando a Casa Branca).
Conforme temos falado, o pior que pode acontecer para a política brasileira é se transformar em uma filial da disputa entre republicanos e democratas dos EUA. Os bolsonaristas abraçaram o trumpismo, enquanto o petismo (sobretudo o que ocupa os ministérios) também se adaptando, mesmo com certa resistência interna.
Quem vai bater pela retomada de setores estratégicos, das refinarias vendidas a preço de banana (com ou sem jóias de propina), enquanto os preços dos combustíveis pressionam a inflação? Quem vai lutar pela retomada da Eletrobras do controle do fraudulento Grupo 3G? Quem vai lutar pela retomada dos investimentos na Amazônia, embarreirados pelo ecologismo radical de Marina Silva? Quem vai denunciar a capturada das agências de Estado por organizações não governamentais de duvidosa e extraterritorial origem? O povo brasileiro não pode esperar…