
O corte na produção do petróleo anunciado pela OPEP+ provocou forte alta da cotação do petróleo. Nesta segunda-feira, a alta da cotação do petróleo Brent chegou a mais de 6%, atingindo US$ 85 o barril.
O fundo geopolítico dessa medida, que pegou o mercado de surpresa, é a aproximação dos grandes países produtores com a Rússia, que hoje compõem a OPEP+, desagradando os EUA e a OTAN, interessados na manutenção de preços internacionais mais baixos para não favorecer de algum modo a Rússia.
Bancos e agências de riscos preveem que os preços cheguem a mais de US$ 90 o barril, e mais de 100 no ano que vem. Arábia Saudita, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes, Cazaquistão e Omã já anunciaram as novas cota de produção. A Rússia, por sua vez, já havia anunciado no ano passado uma drástica redução na produção.
No Brasil, o aumento do barril contribuirá para o aumento dos preços dos combustíveis, logo aumento da inflação. Com inflação mais alta, o Banco Central poderá usar a oportunidade para aumentar ainda mais os juros como desculpa para conter o processo, ainda que sendo um problema meramente de oferta e não de demanda. Mais uma bomba se avizinha para cair no colo do Governo Lula, que tenta convencer o Congresso que seu “arcabouço fiscal” é uma boa alternativa ao “teto de gastos” dos governos anteriores. Sua popularidade e seus planos de governos podem ir para o saco.
No entanto, a bola está quicando na frente do Brasil para o governo fazer um gol. O Brasil descobriu reservas de petróleo em camada de pré-sal na Margem Equatorial, uma faixa da plataforma continental que vai do Amapá ao Rio Grande Norte. A Petrobrás, por intermédio de seu presidente Jean Paul Prates, se mostrou interessada em explorar a região que fica a quinhentos quilômetros da foz do Rio Amazonas, mas aguarda autorização de impacto ambiental pelo IBAMA.
Parece, então, que vai se desenrolar uma briga interna dentro do governo, de um lado a Petrobrás e de outro a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que já se mostrou contrária à exploração de petróleo e gás na Amazônia e defendeu, fora de suas atribuições como ministra, que a estatal brasileira se torne uma empresa de energia, abandonando progressivamente a exploração do petróleo e gás para se tornar “uma empresa de energia”, com participação em energias renováveis e “sustentáveis”, em consonância com governança ESG das empresas.
Assim sendo, não ficaria sem custos políticos para o governo favorecer a Petrobrás em detrimento da ministra. Lula já demitiu Marina do Meio Ambiente, sem seu segundo governo, mas as circunstâncias são outras, tendo em vista que ela é a queridinha da mídia e do governo dos EUA – este que faz bastante pressão política sobre o presidente da República.
De qualquer forma, a ampliação da produção de petróleo no Brasil poderia contribuir para o rompimento com o PPI (preço de paridade de importação), que vincula os preços internos dos combustíveis ao preço internacional. Cabe a um governo politicamente orientado tomar as decisões certas, independentemente dos lobbies e pressões a que venha sofrer.
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