Chama a atenção daqueles que acompanham os negócios de mídia no Brasil a demissão em massa que a Globo tem feito no último mês. Profissionais famosos da tv abeta e da GNews como Giuliana Morrone, Leila Sterenberg, Monica Sanches, Marcelo Canellas, Eduardo Tchao, dentre aproximadamente cinquenta outros sofreram o que no jargão jornalístico se diz “passaralho”.
Mas isso não significa que um dos maiores grupos de mídia do mundo esteja falindo. No ano passado, a empresa reportou um faturamento de R$ 15 bilhões, R$ 3 bilhões em caixa e uma redução da dívida, de perfil de longo prazo, do ano anterior em relação a 2022, de R$ 5,4 bilhões. Apresentou um crescimento de 26% nos assinantes da Globoplay, seu serviço de streaming e de 79% no número de assinantes do serviço de pay per view.
De todo modo, esses bons resultados não foram suficientes para que não fosse registrado um prejuízo na sua televisão, registrado como déficit operacional, no balanço da empresa, de R$ 481 milhões, que, por sua vez, foi compensado por um lucro financeiro de R$ 2,1 bilhões, com um lucro total de R$ 1,25 bilhões. Resultado superior ao ano anterior, quando a Globo registrou pela primeira vez na história prejuízo em um ano.
Assim sendo, o que esses números mostram é que mesmo com diversos cortes de pessoal, no jornalismo e na teledramaturgia, aumento dos serviços de streaming e de vendas PPV, a televisão já não é tão lucrativa. Como outros grandes grupos empresariais brasileiros, a Globo mantém sua força nos lucros financeiros, ou seja, em aplicações que lhe rendem bilhões em reais e dólares. A força do rentismo, o principal fator que justifica a defesa intransigente que a Globo faz da atual política de juros do Banco Central, a despeito de uma cobertura favorável ao atual governo.
De olho no mercado internacional de mídia, a Globo sabe que seus competidores não estão no país, nas outras redes como a Bandeirantes, Record ou o SBT – todas continuam pequenas em relação a ela. Seus competidores são a Netflix, a Amazon e a Apple TV, sobretudo, empresas, sim, capazes de disputar mercado com a Globo. Ainda que a emissora brasileira tenha vantagem de ter um mercado cativo de televisão, conquistado há décadas, que lhe dá um know how sobre teledramaturgia e fidelidade à marca.
De qualquer forma, a falência está muito longe do horizonte da Globo.