
O Sistema federativo brasileiro e a transformação do município em ente federativo fez criar esse monstro, 5.700 republiquetas, 95% geridas por amadores, idiotas, despreparados e, principalmente, corruptos.
Hoje cada município brasileiro é uma célula cancerosa da pior espécie, cada município é dividido e fracionado entre gangues antagônicas, desprovidas de planejamento, ideologia ou qualquer doutrina que não seja se servir da coisa pública.
Aproximadamente uns 2 milhões de indivíduos se dedicam a essa, tecnicamente criminosa, atividade no Brasil. Dos diretórios municipais aos gabinetes dos prefeitos eleitos, secretariado e assessores.
O fenômeno vai se repetindo em escala nos estados, e depois a Meca, a Roma, o Olimpo da corrupção nacional, a Nárnia que congrega ainda a terceira via que sustenta e legitima essa máquina, essa ormetà tupiniquim, que é o judiciário.
Este atua desde os municípios, onde o MP perde boa parte do seu tempo dedicado a mapear e rastrear a corrupção e as gangues, mas não para combatê-las, mas para, de posse dessas informações, passar a fazer parte do sistema. Assim todos caminham como ácaros confortavelmente instalados no corpo já doente do hospedeiro. No caso, o Estado brasileiro.
Quando você vê o Lula preso, o ajudante de ordens do Bolsonaro envolvido num escândalo de corrupção com evidências e provas de enriquecimento ilícito, você não pode ser ingênuo em creditar isso a alguma melhora do sistema ou que finalmente estamos no caminho certo de combate ao crime, organizado ou não.
Esses corruptos são todos conhecidos do sistema, todos da situação e da oposição sabem quem eles são e onde estão, o que fazem e onde está sua riqueza, nenhum dado desses é novo, é tudo velho.
Ocorre que como qualquer atividade humana, fazer parte dessa organização muito engenhosamente divididas em falso antagonismo, tem seus riscos, um deles é em algum momento, ao contrariar algum interesse maior, cair em desgraça.
Essa desgraça pode ser passageira, pode ser mediana, grave ou gravíssima, vemos, por exemplo, gente que foi citada uma vez e outras como Lula, Sergio Cabral e Witzel, três exemplos de três punições diferentes aplicadas pelo mesmo sistema.
Poderia escrever mais cem páginas sobre o assunto, mas o mesmo me enoja, além de ser extremamente inócuo, portanto para manter a sanidade, a saúde, eu prefiro nem me preocupar mais com esse corpo doente que é o Brasil, o Brasil corporativo. Este é um paciente terminal e eu, honestamente, não vou passar os meus dias na sala de espera de uma UTI assistindo um paciente em estado terminal.
Rubem Gonzalez