
Do Movimento de Solidariedade Ibero-americana.
Na grande obra de George Orwell, 1984, a novilíngua é um idioma fictício criado pela ditadura do Grande Irmão para reduzir o vocabulário e dificultar o raciocínio e o surgimento de novas ideias indesejáveis pelo regime. O conceito se aplica à perfeição ao discurso ambientalista atual, que se empenha em incutir nas pessoas uma ideia simplória e reducionista sobre os impactos das atividades humanas no meio ambiente, com termos como “desenvolvimento sustentável”, “mudança climática”, “pegada ecológica”, “potência
ambiental” e outros – sendo este último cada vez mais usado para definir uma ilusória inserção vantajosa do Brasil no mundo.
Nos últimos dias, ele foi usado, entre outros, em um artigo conjunto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin sobre a “neoindustrialização” do País e em artigos favoráveis e críticos do conceito. Um deles, emblemático, foi a coluna da jornalista Miriam Leitão no jornal “O Globo” de 30 de maio, na qual sentenciou: “(…) O papel do Brasil no mundo é ser potência ambiental. É isso ou será um país irrelevante no mundo.”
Miriam Leitão é uma das mais notórias propagandísticas dessa visão estreita e neocolonial sobre as perspectivas brasileiras. Para os que pensam como ela, o Brasil deve contentar-se em limitar suas possibilidades de progresso a “fazer o dever de casa” exigido pelas potências industrializadas do Hemisfério Norte quanto à proteção do meio ambiente, com ênfase na Amazônia, que deve ser mantida como uma espécie de redoma intocada ou um jardim zoológico-antropológico gigante, para prestar serviços de captura de carbono, ecoturismo e outras atividades “sustentáveis” compatíveis com uma suposta importância dos biomas amazônicos para o clima global.
Embora disfarçado com boas intenções (sobre as quais vale recordar o ditado sobre o caminho do inferno), trata-se de um discurso essencialmente neocolonialista e limitador das possibilidades do País à condição de provedor de mirabolantes “serviços ambientais” em prol da “proteção” do clima global.
Enquanto isso, tais potências não se melindram em explorar os seus próprios recursos naturais sem qualquer consideração pelo meio ambiente local.
Para ler mais assine o Jornal de Solidariedade Ibero-americana: