Por Ciro Gomes.
Um dos complexos industriais potencialmente mais capacitadores de uma retomada verdadeira da indústria nacional é o da defesa. Esta diretriz óbvia está anunciada como prioritária no programa Nova Indústria Brasil.
Pois bem, em pleno conflito com o atual governo de Israel liderado pelo criminoso de guerra e genocida Benjamin Netanyahu, Lula está fechando uma bilionária compra de blindados para o Exército Brasileiro com… Israel!
Está ficando muito difícil conter as palavras tendo que testemunhar as contradições do governo brasileiro. Nosso embaixador em Tel Aviv foi humilhado, chamado de volta e estamos, pela primeira e única vez desde que Oswaldo Aranha, o notável diplomata brasileiro presidiu a assembleia geral das Nações Unidas na sessão que criou o moderno estado de Israel, sem representação diplomática no estado judeu.
É nesta circunstância que o governo de Lula e do PT e de seus puxadinhos está comprando 36 veículos blindados obuseiros ao preço de R$ 1 bilhão! O lobby da empresa Elbit Systems “venceu” a licitação onde pareceres “técnicos” impõem uma série de argumentos arbitrários para que uma decisão como esta seja tomada.
Em tempo, a Avibras brasileira está agonizante por um passivo ridículo de R$ 600 milhões que seria muito simples para o Brasil resolver. A Avibras pode desenvolver tecnologia de obuseiros similares, dado que já sabe fazer blindados.
Não, de conversa mole em conversa mole, estamos comprando coisas do estrangeiro que poderiam ser feitas aqui. Não é só a economia de divisas, não são só empregos de alta qualidade, é sensibilidade de defesa! Manutenção e peças de reposição dependentes do estrangeiro fazem ridícula e mentirosa nossa estratégia de defesa nacional.
Em tempo e para provocar infarto em patriotas: o portal norte-americano de defesa, reproduzido entre nós pelo O GLOBO, traz uma notícia constrangedora: a FAB (Força Aérea Brasileira) agorinha no governo de Luiz Inácio, estaria em tratativas com o governo norte-americano para comprar 16 aviões de caça F-16 USADOS. Estes caças completamente obsoletos, tem tecnologia lançada a pasmem, 50 anos atrás!
Só me lembro – atenção jovens oficiais da FAB – da situação dos argentinos na malfadada guerra das Malvinas. Eles tinham um tipo de míssil chamado Exocet que não podiam usar porque lhes faltava um treco qualquer que conectava o míssil ao avião. Na data, rasgando olimpicamente a carta da OEA, os norte-americanos se solidarizaram com os britânicos, deixando a ditadura argentina literalmente a “ver navios”. Diz a lenda que o Brasil contrabandeou as peças embargadas pelos estrangeiros para que os Exocets pudessem ser lançados pelos “hermanos”.
Nós temos o único acordo que conheço na história moderna de transferência de 100% do pacote tecnológico para produzirmos os caças Gripen aqui no Brasil. Que bobagem é essa, Lula?
1 thought on “Ciro Gomes sobre os descaminhos da indústria de defesa nacional”