
Nesta semana repercutiu nas mídias e redes sociais o apoio que Ciro Gomes prestou oficialmente ao candidato a prefeito do Crato, Ceará, Aluísio Brasil, do União Brasil, cujo vice na chapa é filiado ao PL, de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro. O candidato apoiado por Ciro vai concorrer contra o candidato petista, atual vice-prefeito do município.
Em Juazeiro do Norte, esteve ao lado do presidente do PL no Ceará, Carmelo Neto, no lançamento da candidatura Gledson Bezerra, do Podemos, em ampla aliança de partidos, do PL e União Brasil até o PDT de Ciro.
Esses movimentos serviram para os diversos órgãos ligados ao petismo, sob diferentes nomes fantasia, mas agindo em uníssono, denunciassem que Ciro teria “aderido ao bolsonarismo” e/ou à “extrema-direita”.

Ciro usou os seguintes termos em seus últimos discursos: “o Ceará está sendo destruído pela incompetência, pela corrupção e pelo mandonismo” e que o PT tenta impor uma “ditadura” no seu estado.
Meses atrás, denunciou o pagamento integral dos precatórios em 2023 pelo governo federal, que teria beneficiado os grandes bancos que compraram esses títulos dos particulares com desconto significativo, mesmo sem espaço fiscal para gastos bilionários, como os frequentes cortes orçamentários levados a cabo pelo ministro Haddad. Assim como, antes ainda, denunciou esquemas de corrupção na Codevasf, empresa estatal do governo federal. Agora em julho de 2024, o ministro das Comunicações Juscelino Filho foi indiciado pela Polícia Federal por esquema na mesma empresa.
Desde 2015 o PT governa o Ceará, com dois mandatos de Camilo Santana, atual ministro da Educação, e um de Elmano de Freitas. Depois de seu irmão o ex-governador e atual senador Cid Gomes endossar o apoio aos petistas, mudando inclusive – mais uma vez – de partido, Ciro se viu isolado dentro do seu estado, após ter muita votação em 2022 bem menor do que em 2018.
Apesar do estardalhaço da mídia governista – outrora “independente” – os apoios prestados por Ciro fazem parte do jogo político das milhares de prefeituras pelo Brasil a fora, quando não é tão raro, por exemplo, achar o PL apoiando algum petista ou vice-versa. Por outro lado, a sobrevivência de Ciro Gomes, como expoente do campo nacionalista, depende da interlocução com setores fora dos partidos de esquerda, como ele sempre soube fazer. Até mesmo porque o petismo e seus satélites nunca estiveram inclinados a apoiá-lo, com ou sem Lula na jogada, como já ficou óbvio na campanha de 2018.
Se Ciro ainda conseguiu manter as rédeas sobre o PDT no Ceará, a situação é outra no PDT de São Paulo, quando este aceitou fazer parte da frente engajada na campanha de Guilherme Boulos à prefeitura da maior cidade do país. É perfeitamente aceitável para um partido nacionalista procurar o diálogo com partidos de direita, mas não subir no palanque com políticos da federação PSOL-Rede, duas legendas fortemente ligadas aos aparatos das ONGs dentro do Estado brasileiro. Fato, inclusive, denunciado pelo próprio Ciro na última eleição.

Depois da grande decepção que teve em 2022, Ciro afirmou que não será mais candidato a nada, mas continuará a ter atuação política para denunciar os descaminhos do Brasil na mão de seus atuais governantes. Esperamos que ele continue na luta e contribua para o debate público sobre os temais de interesse nacional, como a defesa da economia nacional, incluindo o setor de Defesa, da soberania do Brasil sobre a Amazônia e da ausência de projeto do atual e dos governos passados. O Brasil só tem a ganhar com isso.