
Por Lorenzo Carrasco.
As ostensivamente provocativas ações de Israel contra o Hezbollah e o Hamas, com os assassinatos de líderes dos dois grupos em Beirute e Teerã, evidenciam o desespero do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para lograr o confronto generalizado com o qual pensa assegurar a sua sobrevivência política, meta compartilhada pelos centros hegemônicos de Washington e Londres.
De fato, uma guerra aberta no Oriente Médio (ou Ásia Ocidental, como a região vem sendo chamada cada vez mais) é o recurso que resta, na linha “chute na mesa de jogo”, a um sistema hegemônico que esgotou as suas cartas no pôquer geopolítico baseado na percepção da supremacia militar, eficientemente contestada pelo chamado “Eixo da Resistência”, e no jogo geoeconômico e geofinanceiro, onde a desindustrialização e o uso crescente de moedas alternativas ao dólar estão cobrando o seu alto preço.
E salta aos olhos que tal escalada tem o beneplácito de Washington, onde “Bibi” foi ovacionado de pé no Congresso a cada parágrafo de seu discurso e reuniu-se com o presidente Joe Biden, a vice-presidente Kamala Harris e, não menos, o ex-presidente e favorito nas eleições de novembro, Donald Trump.
Fiel ao seu tradicional “modus operandi”, Israel não deixou de recorrer a um traiçoeiro ataque “bandeira falsa”, com um bombardeio à aldeia drusa de Majdal Shams, na região ocupada de Golan, que matou 12 crianças e adolescentes em um campo de futebol. Apesar de atribuí-lo ao Hezbollah, testemunhas locais afirmam que a causa da explosão foi um míssil do sistema de defesa antiaérea israelense. É sintomático que tanto Netanyahu como seu ultrabelicista ministro da Segurança Itamar Ben-Gvir tenham sido rechaçados ao chegarem ao local para manifestar “condolências”.
A sorte do mundo é que Irã e demais nações são mais civilizadas que Ocidente, caso contrário não estaríamos lendo esta reportagem. O mundo já seria um forno nuclear.