Por Raphael Machado.
A prisão de Pavel Durov (foto) na França não tem fundamento jurídico algum. É uma decisão política. A tirania atlantista prendeu o criador do Telegram alegando que há pessoas que usam a rede social em questão para o cometimento de crimes diversos, como narcotráfico, terrorismo e pedofilia – todos eles crimes graves e abjetos.
Mas o Telegram, que não passa de um mensageiro virtual, é apenas um espaço público virtual. O espaço público virtual é parcelado em perfis, grupos e canais, os quais são propriamente responsáveis pelo conteúdo que veiculam em sua própria circunscrição. O Telegram, aliás, possui regras bastante rígidas sobre conteúdo abjeto em geral e colabora com as autoridades quando solicitado e na medida das possibilidades técnicas.
Ninguém pensaria em prender o Mark Zuckerberg pelo fato de que o Facebook por muitos anos foi a principal ferramenta usada pelo ISIS para fazer leilão de escravos. Até hoje, no Instagram, há contas que são usadas como proxies por gangues de pedófilos. O Youtube nos últimos anos começou a exibir conteúdos cada vez mais adjacentes à pedofilia, mas ninguém cogitaria prender o seu CEO Neal Mohan.
Assim, é óbvio que a prisão do Pavel Durov tem mais a ver com o papel do Telegram na ruptura dos oligopólios informacionais do que qualquer outra coisa.
O Telegram, hoje, é a principal ferramenta informacional para quem quer realmente acompanhar os conflitos mundiais, para quem quer sair do controle da Big Pharma e para quem não quer se submeter à dogmática do liberalismo.
Todos aqueles que odeiam a ordem hegemônica atual e são odiados por essa ordem hegemônica usam o Telegram. É óbvio que verdadeiros filhos da puta também usam o Telegram, mas a possibilidade de adquirir informações contra-hegemônicas se sobrepõe aos casos excepcionais em que o uso do Telegram pode ser feito para fins antissociais, como o próprio Durov disse, com outras palavras, há alguns anos.
Naturalmente, a mídia de massa, inclusive no Brasil, está em festa.
Aguardem matérias sensacionalistas situando o Telegram como “a rede social usada por neonazistas, terroristas e pedófilos”, com ênfase em casos bizarros e absurdos, para já construir um cenário narrativo em que essa prisão e qualquer medida contra o Telegram são tomados como legítimos.