Editorial Jornal Puro Sangue
O assunto do momento durante o último final de semana foi o bloqueio da rede social X/Twitter pelo ministro Alexandre de Moraes.
O bloqueio fez minguar os perfis de esquerda/petistas sem que os bolsonaristas/conservadores abandonassem a rede, seja usando VPN ou postando do exterior.
No X, políticos, incluindo até senadores, utilizaram a rede para atacar o ministro e até mesmo para circular abaixo-assinado eletrônico pelo impeachment de Alexandre de Moraes. A censura ao X funciona, neste contexto, como combustível para inflamar as manifestações marcadas para o dia 7 de setembro, que cairá no próximo sábado. Está marcada uma grande manifestação em São Paulo, organizada pelo Pastor Silas Malafaia, que contará com a presença de Jair Bolsonaro.
Entretanto, como tudo que acontece envolvendo manifestações bolsonaristas, a tendência é que tudo fique no campo das manifestações apenas, sem efeitos concretos. A medida do ministro “Xandão” parece ter sido dura demais, até mesmo para setores mais moderados da direita, o que corroboraria medidas mais duras do Senado – a instituição que pode agir, pela Constituição, contra medidas descabidas do STF. Levando-se em conta que o bolsonarismo tem uma base forte no Senado.
A abertura de um pedido de impeachment contra Moraes dependeria da ação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que, segundo notícias, teria jantado com o ministro e o vice-presidente Geraldo Alkmim, logo após a medida contra o X. No entanto, com uma base boa no Senado, poderia se fazer uma pressão para que Pacheco desse andamento ao pedido, nem que fosse com bloqueio de votações, obstruindo os trabalhos da casa. Se eles estão tão determinados em enfrentar o ministro, que medidas mais duras sejam postas em prática para alcançar o objetivo. Até mesmo porque manifestações na Avenida Paulista deixaram de surtir efeito em 2016, ano do impeachment de Dilma Roussef.
Claro que há outro fator, pouco comentando nos meios bolsonaristas: um possível impeachment de Alexandre Moraes, uma vez concretizado, abriria mais uma vaga no STF para indicação de Lula. O que não deve interessar nem um pouco à base parlamentar bolsonarista.
Outro fator que chama a atenção é que se o alvoroço pela medida mobilizou bases da oposição e do governo, incluindo parlamentares, não provocou reações em Lula ou em Jair Bolsonaro, que seguem calados diante da situação.