O déficit consolidado do setor público chegou a mais de R$ 1,1 trilhões, no acumulado dos últimos 12 meses até agosto de 2024. Trata-se do déficit total nas três esferas de governo: da União, estados e municípios, de acordo com boletim divulgado pelo Banco Central.
De todo o déficit, os gastos com os juros com a dívida pública federal chegam a R$ 855 bilhões no acumulado. Ou seja, 77% do total do déficit.
Dados do Banco Central mostram que os gastos com dívida pública considerando os 12 meses anteriores saltaram de R$ 349 bi, em outubro de 2020, para R$ 855 bilhões em agosto de 2024, um crescimento de quase 150% durante o período.
Em outubro de 2020, enfrentava-se o auge da pandemia de Covid-19, quando o governo federal bancou o auxílio emergencial que chegava até R$ 1.200,00 por mês para as famílias. Despesas essas que inflaram o déficit público, considerando que em janeiro de 2021, o déficit na pandemia chegou no auge, na casa do R$ 1 trilhão, contando a partir dos 12 meses anteriores.
Por outro lado, o que aliviou as contas públicas naquela época foi a taxa básica de juros, na casa dos 2% ao ano, que começou a sua elevação durante 2021. Ano em que o Banco Central conseguiu, por emenda constitucional aprovada no Congresso Nacional, a sua “autonomia”, que passou a garantir o cargo do presidente do Banco Central por um mandato de quatro anos. Hoje, a taxa SELIC está em 10,75% ao ano, mais de cinco vezes acima da taxa de 2020.
Dessa maneira configura-se a tragédia do governo Lula: o déficit público e o percentual da dívida sobre o PIB crescem, sem que haja perspectiva de redução nas taxas. Mesmo assim, o gasto público no seu governo mostra-se insuficiente para uma retomada do crescimento, muito atrás do que conseguiu em seu segundo governo (2007-2011), com grandes obras de infraestrutura e na exploração de petróleo. Essas vias de crescimento estão atadas por sua política ambiental e pelo ativismo de órgãos públicos como o ministério público e o judiciário, cujo ativismo interfere cada vez mais nesses empreendimentos, na maioria das vezes alegando razões ambientais etc.
Assim, vendo-se constrangido pelo aumento do déficit nas contas públicas, restará ao governo fazer cortes que devem afetar setores como Saúde e Educação. Medidas que criaram, por sua vez, mais atrito com sua base.