Hoje comemora-se mais um aniversário da Revolução de 1930.
Ocasião em que um movimento civil-militar se organizou para derrubar o governo do presidente Washington Luís e acabar com a República Velha, com o governo provisório de Getúlio Vargas. Desse movimento participaram lideranças civis e militares.
A partir da Revolução, um novo tipo de Estado surgiu, para lidar com a grave crise econômica à qual o mundo passava na época. Devido às reformas feitas a partir de então, o Brasil foi um dos primeiros países a se recuperar na década de 1930. Um governo forte e centralizado na figura de Vargas, mas com a participação de figuras de proa do Tenentismo e outros marginalizados pela antiga república, tanto à esquerda, quanto à direita.
Assim como hoje, o cenário geopolítico passava por grandes mudanças. A Crise de 1929 marcou o fim do padrão libra esterlina, com a consolidação de blocos econômicos e políticos. O Reino Unido lutava para manter seu império, enquanto a Alemanha retomava sua força mas com um projeto de poder genocida e orientado para a guerra. A União Soviética de Stálin voltava-se para si mesma com base nos planos quinquenais e no projeto de socialismo em um só país, revertendo a política dos líderes bolchevistas (que terminaram quase todos condenados à morte).
Nos Estados Unidos, a Grande Depressão abria espaço para a ascensão de Franklin Roosevelt, que trouxe grandes mudanças tanto na política interna, por meio de seu New Deal, com suas políticas de gastos públicos e busca do pleno emprego, como na política externa, sobretudo para os países íbero-americanos. Políticas essas que permitiram uma aproximação com o Brasil, sobretudo durante a II Guerra Mundial.
Nesse cenário, Vargas soube conduzir o país sem se fiar em alinhamentos externos, expurgando influências tanto da extrema esquerda como da extrema direita, tanto comunistas quanto integralistas, em um modelo político que não se restringia aos ditames de ideologias como o Liberalismo, o Socialismo ou o Fascismo. Uma forma de república constituída com base na soberania nacional e no esforço de integração do país, daí seu caráter centralizador que a colocou frequentemente contra interesses oligárquicos regionais, mas perseguindo o avanço da industrialização ancorada nos direitos sociais. Um regime político com objetivos nacionais mas com grande senso de realismo político, que pôs em prática as ideias de Alberto Torres e Oliveira Vianna.
Tiremos nós as lições da História.