Por Fausto Frank
A mineradora anglo-australiana Rio Tinto, historicamente de propriedade do banco Rothschild, confirmou a compra da Arcadium Lithium por US$ 6,7 bilhões, uma empresa global de mineração de lítio, com fortes investimentos na Argentina, país com a quarta maior reserva de carbonato de lítio do mundo, estratégica para a crescente demanda por veículos elétricos.
A Rio Tinto, com 150 anos de história, é a segunda maior empresa de mineração do mundo por capitalização de mercado, tem 57 mil funcionários em 35 países e é líder mundial na extração de carvão, diamantes e vários metais, incluindo alumínio, ouro, prata, ferro, cobre, dióxido de titânio e urânio. A Rio Tinto tem sede na Grã-Bretanha, Austrália e Canadá. Foi fundada em 1873 e, conforme mencionado, é propriedade do banco Rothschild, de trezentos anos de existência.
A Arcadium, por sua vez, tem uma forte base de clientes que inclui gigantes como Tesla, BMW e General Motors, de modo que a Rio Tinto será agora uma importante fornecedora para grande parte do setor de “energia renovável”, particularmente para veículos elétricos e baterias, que são fundamentais para a “transição energética global”. A Arcadium Lithium é um participante importante no desenvolvimento do lítio na Argentina, pois dois dos quatro projetos ativos produzem carbonato de lítio: o projeto Olaroz, em Jujuy, e o projeto Fênix, em Catamarca.
A Rio Tinto planeja construir uma fábrica de lítio de 50 mil toneladas em Rincón, na província de Salta, um investimento de US$ 2 bilhões no âmbito do Regime de Incentivo a Grandes Investimentos (RIGI), com a fábrica piloto prevista para começar no final do ano, com uma capacidade inicial de três mil toneladas. “O projeto, um recurso escalável e de longa vida útil capaz de produzir carbonato de lítio para baterias a partir de salmoura bruta, nos ajudará a fornecer esse recurso vital para o setor de energia global e, ao mesmo tempo, cumprir nosso compromisso de descarbonizar nossas operações até 2050”, explica a empresa.
Jakob Stausholm, CEO da Rio Tinto, explica: “Rincon fortalece nosso negócio de materiais para baterias e posiciona a Rio Tinto para atender ao crescimento de dois dígitos na demanda de lítio na próxima década, em um momento em que a oferta é limitada. Trabalharemos com as comunidades locais, a província de Salta e o governo da Argentina enquanto desenvolvemos esse projeto de acordo com os mais altos padrões de ESG.
Apesar da queda do preço internacional, o lítio foi responsável por 15% das exportações de minérios da Argentina em 2023.
Em 26 de julho de 2024, o presidente argentino, Javier Milei, reuniu-se na França com o chefe do banco Rothschild naquele país, Alexandre de Rothschild, presidente executivo da Rothschild & Co e membro do Comitê de Gestão de Bancos Comerciais, após suceder seu pai, David de Rothschild, que é o presidente de 81 anos do Congresso Judaico Mundial, em 2018. O anúncio atual da Rio Tinto fornece uma visão de alguns dos elementos que foram acordados nessa reunião.
Já em 2017, as páginas do Kontrainfo relataram que “duas cúpulas estratégicas foram organizadas pelo Banco Rothschild: a primeira em Buenos Aires e a segunda em Londres”, com o objetivo preciso de oferecer lítio a empresas britânicas. A primeira foi “a cúpula de 8 de março em Buenos Aires, sob os auspícios do jornal The Economist (de propriedade das famílias Rothschild e Agnelli), a ‘Cúpula Argentina 2017’, realizada no Alvear Palace Hotel. Os dois tópicos mais importantes dessa reunião foram a exploração de Vaca Muerta em Neuquén e de lítio em Salta e Jujuy”. Naquela época, a reunião foi “patrocinada pelo governo nacional, Monsanto, Siemens, Corporación América (Eurnekián), Grupo Insud (Hugo Sigman), La Nación, Clarín, Câmara de Comércio Argentino-Britânica e Câmara Americana de Comércio na Argentina (AmCham Argentina)”.
Na segunda metade de março de 2017, o então ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, e o secretário de mineração, Daniel Meilan, “viajaram a Londres para iniciar conversas sobre a exploração do lítio”. Em 20 de março, o Clarín publicou a seguinte manchete: “Lítio, ouro e prata, as estrelas de um road show de investimentos em Londres”, e informou que Dujovne e Meilan haviam se reunido com “empresários e banqueiros do setor de mineração”. Em 23 de março de 2017, três dias após a cúpula em Londres, o governo nacional anunciou que a Orocobre investirá US$ 160 milhões na extração de lítio e que a canadense “Enirgi Group Corporation investirá US$ 720 milhões na extração do mesmo mineral no Salar del Rincón, em Salta, para processar 50.000 toneladas por ano”, o mesmo projeto em Rincón que a Rio Tinto está assumindo agora.