
Com a queda do regime de Bashar Al-Assad na Síria, o prognóstico é que o caos se espalhe pelo país, resultando na possível repartição e balcanização e em hordas de refugiados se dirigindo à Europa.
Após semanas de lutas com jihadistas vindo da Turquia e de separatistas curdos no norte, o comando do Exército Árabe Sírio entrou em colapso, com a provável colaboração de generais, que anteciparam a queda do regime, permitindo que Bashar e sua família seguissem para o exílio em Moscou.
No meio ao caos, com ataques a prédios públicos, e jihadistas armados controlando boa parte do território, quem fica em perigo são as minorias religiosas, como os cristãos e os alauítas. Contudo, há relatos de que alguns comandantes leais a Assad assumiram o controle de regiões nas províncias de Latakia e Tartus, cidade com grande presença de cristãos.
De imediato, é previsto o confronto entre as forças do grupo jihadista Tahrir al-Sham, que entraram na Síria com apoio turco, e dos curdos apoiados pelos EUA. No sul, Israel deve consolidar sua ocupação, avançando além das colinas de Golã, com ocupação de, pelo menos, cinco cidades sírias. Dessa forma, parece ter sido o grande beneficiado do conflito, ao desgastar as forças do Hezbollah no Líbano, enquanto armou um grande avanço na Síria, que deve ter consequências nefastas para o grupo libanês, que perdeu seu corredor logístico com o Irã.
Do lado russo e iraniano, há acusações de que Assad teria recusado ajuda militar e ignorado a movimentação de tropas na fronteira turca, além de ter negado acesso ao Hezbollah para que este iniciasse uma nova frente de combate contra Israel em Golã. Os russos já evacuaram suas embarcações da base naval em Latakia.
O regime de Assad era o último remanescente do socialismo árabe, liderado pelo partido Baath, tal como vigorou no Iraque e no Egito. Bashar herdou o poder do pai, o ex-presidente Hafez Al-Assad, morto em 2000.