
Cresce a pressão, dentro do PT, para a expulsão de um dos vice-presidentes do partido, o atual prefeito de Maricá Washington Quaquá.
Desde o início de seu mandato como deputado federal em 2023, tem acumulado desavenças com figuras proeminentes do partido. No início daquele ano, encontrou-se com o deputado Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, e posou para uma foto em tom descontraído.

Depois, após o indiciamento dos irmãos Brazão pelo assassinato de Marielle Franco pela Procuradoria Geral da República, defendeu publicamente os acusados. Na semana passada, recebeu em seu gabinete a esposa e o enteado de Domingos Brazão e declarou que não há prova contra os réus. “A realidade é que usaram a família Brazão de bucha de canhão”, completou.
Também na semana passada, irritou os militantes dos direitos humanos ao afirmar que iria “mandar para vala” todos os membros de facções criminosas que tomassem à força imóveis disponíveis pelo programa Minha Casa Minha Vida.
Quaquá parte para o terceiro mandato na Prefeitura de Maricá, após oito anos, tendo vencido as eleições do ano passado por ampla margem. Tornou-se famoso pelas políticas sociais que implementou com base nos royalties do petróleo recebidos pelo município fluminense, incluindo o passe livre nos ônibus municipais – bandeira em voga na época, que inclusive foi estopim para a deflagração das “jornadas de junho”, de 2013. Além disso, abriu cargos na prefeitura para indicados pela direção nacional do PT.
Mesmo assim, a ministra Anielle Franco acionou a Comissão de Ética do partido contra o prefeito, pedindo sua expulsão.

Washington Luiz Siqueira, o Quaquá, é filiado ao PT desde 1989, ao passo que Anielle Franco foi catapultada a postos importantes do governo Lula após a morte de sua irmã em 2018. Filiou-se ao partido nas vésperas das eleições de 2022 e caiu nas graças da primeira-dama. Lula tentou articular com Eduardo Paes um posto de vice em sua chapa à reeleição, mas o prefeito do Rio conseguiu impor uma chapa “puro sangue” com um vice de sua indicação, frustrando os planos daqueles que queriam ver a ministra da Igualdade Racial na vice-prefeitura do Rio.
Assim, ao menos ao que tange o Estado do RJ, podemos dizer que a disputa que se dá aí é entre o PT com voto e o PT sem voto