
A movimentação de tropas e blindados venezuelanas na fronteira com Roraima deve ser seguida de um exercício militar no lado brasileiro. Com o exercício planejado para este ano, em resposta aos movimentos desta semana das tropas bolivarianas, busca testar a capacidade de mobilização de blindados até a fronteira em Pacaraima, considerando as dificuldades logísticas por precariedade das vias para o deslocamento de veículos.
Trata-se de um problema crônico da região amazônica, que é a parca infraestrutura de rodovias, por falta de investimentos e embargos de ordem ambiental ou de políticas indigenistas que impedem a ampliação da malha viária na região.
Neste semana, as forças armadas venezuelanas mobilizaram tropas e blindados próximos à fronteira do Brasil, com relatos de que alguns teriam entrado em território nacional. O exercício militar venezuelano não foi comunicado ao comando militar brasileiro, sendo parte de uma série de exercícios militares programados pelo governo de Nicolas Maduro.
O contexto das movimentações se dá na manutenção, por parte da Venezuela, da reivindicação do território de Essequibo, na Guiana, que teria sido ratificada por um referendo, em 2023, pelo povo venezuelano. Em paralelo, Maduro inaugura mais um mandato na presidência, com eleição contestada pelos vizinhos, até mesmo pelo Brasil, que mesmo sob Lula mantém um distanciamento do governo de facto da Venezuela.
Além disso, o loquaz presidente Trump ainda não se manifestou sobre sua política para Venezuela, atribulado que está com uma série de pontos de sua agenda internacional, incluindo sua política comercial e a questão do conflito na Ucrânia. Assim, Maduro pode ter usado o exercício perigoso para testar tanto as reações do Brasil e dos EUA.
Do lado brasileiro, a manifestação foi do ministro da Defesa, José Múcio, de que “a situação está sob controle”, sem confirmar o fato de que houve entrada de tropas ou blindados em território brasileiro.
No plano militar, se a Venezuela resolver invadir a Guiana, poderia passar suas tropas pelo território brasileiro, nas terras indígenas da reserva Raposa Serra do Sol, o que poderia gerar um complicador ainda maior do que uma invasão para atacar um terceiro país. Transformando um conflito territorial entre dois países, mal resolvido há mais de século, em uma questão indigenista, poderia catalisar a intervenção de forças externas nesta região de fronteira entre três países – algo que o Brasil deve evitar a qualquer custo.
