
A apresentação da ferramenta de Inteligência Artificial DeepSeek representou um terremoto na indústria de tecnologia digital, com impacto em grandes empresas estadunidenses do setor, que tiveram grandes perdas em valor acionário com o anúncio de uma ferramenta mais simples, mais barata e mais eficaz.
O consultor de tecnologia digital Lars Hilse apontou algumas razões para o sucesso do DeepSeek:
Em 2017, a República Popular da China lançou um plano de desenvolvimento de IA, um programa estatal que priorizava a IA como área essencial para desenvolvimento econômico e tecnológico.
Por outro lado, a vasta população da China e o grande ecossistema de dados digitalizados possibilita a geração de modelos sofisticados de IA, com o cruzamento de todos esses dados.
Além disso, o governo investiu muito em talentos para área e priorizou a indústria de otimização de softwares, de produção de semicondutores e estocagem de chips – o que foi facilitado pelas restrições impostas pelos EUA à exportação para China desses produtos e componentes.
Globalmente, disse Hilse, o modelo disparou graças à sua natureza de código aberto, o que não pode ser dito sobre seus concorrentes ocidentais.
Por fim, os EUA agora enfrentam a perspectiva de a China estabelecer padrões tecnológicos nos mercados emergentes, “o que, por sua vez, desafia tanto a influência econômica quanto a ideológica” em outros mercados.
“Dimensionamento rápido, mobilização de recursos apoiada pelo Estado e, o mais importante, a resiliência adaptativa sob pressão criada por sanções” – esses são os fatores que tornaram possível o sucesso do DeepSeek, resumiu Hilse.
Conforme atesta o jornalista Wellington Calasans, usuário de ferramentas de IA:
“A combinação (das) vantagens técnico-operacionais posiciona o Janus-Pro (da DeepSeek) como uma alternativa disruptiva, capaz de atrair tanto criadores independentes quanto grandes estúdios, pressionando competidores a acelerar suas próprias inovações. A desvalorização de empresas norte-americanas reflete preocupações com a capacidade atual de seus modelos em competir com essas funcionalidades avançadas”.
“A China mostrou a Trump a diferença entre falar e fazer”.
Nesse ponto, de certo a China ensina, mais uma vez, que é melhor planejar mais e falar menos.
Imagem e informações do Geopolitics Live.