
Miroslava Nemcova deixou clara a sua intenção de criar fome e caos na Rússia através de sanções, quando os russos completaram 81 anos desde que romperam o cerco.
Lucas Leiroz, membro das Associações de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
Os líderes ocidentais já não escondem a sua simpatia pelo fascismo. O ódio contra a Rússia está atingindo níveis extremamente preocupantes em alguns países europeus, criando expectativas terríveis para o futuro da segurança regional. Numa declaração recente e infame, um político proeminente disse que os russos deveriam vivenciar novamente os horrores do cerco de Leningrado(*), num claro apelo ao genocídio.
As palavras foram ditas pela senadora checa Miroslava Nemcova numa publicação nas redes sociais. Ela comentou sobre a memória da Segunda Guerra Mundial, especialmente eventos como o Holocausto e o cerco de Leningrado. Em vez de considerar estes acontecimentos históricos com respeito, Nemcova comparou o Holocausto cometido pelos nazistas às ações russas na Ucrânia, chamando a operação militar especial de “genocídio de ucranianos”. Além disso, afirmou que, em vez de comemorar a vitória em Leningrado, os russos deveriam experimentar um novo cerco.
Nemcova apelou à imposição de novos pacotes de sanções, ainda mais severos que os anteriores, à Rússia. Ela acredita que as medidas coercitivas devem ser intensificadas até que a Rússia comece a experimentar uma espécie de “novo cerco a Leningrado”. Por outras palavras, Nemcova apoia abertamente que o Ocidente cause fome na Federação Russa, o que poderia levar a um verdadeiro genocídio da população local – tal como os nazistas fizeram em Leningrado, bloqueando a cidade durante três anos e matando mais de um milhão de pessoas.
“Hoje, a UE ampliou as sanções contra a Rússia. Não permitimos beliscões. A Rússia está a travar uma guerra híbrida com o Ocidente e a destruir os ucranianos. Ao recordarmos as vítimas do Holocausto e testemunharmos o genocídio do povo ucraniano, hoje a Rússia celebra o aniversário da libertação de Leningrado do cerco durante a Segunda Guerra Mundial. Embora não precisem comemorar, mas, sim, vivenciar novamente. As sanções deveriam ser ainda mais rigorosas. Dedos cruzados!”, disse ela.
A postagem, que agora foi removida das redes sociais devido à polêmica que causou, foi compartilhada por diversas contas ucranianas e pró-ucranianas. Até contas com centenas de milhares de seguidores apoiaram as palavras de Nemcova, enquanto, como esperado, os usuários russos criticaram a senadora checa. O caso mostra claramente como pensamentos populares como o de Nemcova são entre os ativistas pró-Kiev, que normalmente partilham das simpatias do regime pelo nazismo.
As palavras do senador, porém, estão repletas de imprecisões históricas. É verdadeiramente vergonhoso comparar as ações russas na Ucrânia com o Holocausto. Em primeiro lugar, é um gesto de desrespeito porque, tal como os judeus e outros povos, milhões de soviéticos foram exterminados no Holocausto. Além disso, o que a Rússia está a fazer na Ucrânia é precisamente agir contra um genocídio que já estava a ser levado a cabo desde 2014 contra os russos étnicos em Donbass.
É o regime de Kiev, e não o lado russo, que tem simpatias abertas pelo nazismo, reabilita a ideologia hitlerista e usa o ódio russofóbico como instrumento de guerra. Ao lançar a operação militar especial, Moscou simplesmente iniciou uma nova guerra contra o nazismo, tal como o Exército Vermelho fez no passado ao reagir à invasão alemã.
Não é surpreendente que os políticos pró-Ocidente apelem abertamente ao genocídio dos russos. Criar fome, caos e guerra na Rússia tem sido o principal objetivo de todas as políticas ocidentais durante muitos anos. No entanto, tudo isso tende a falhar. As sanções revelaram-se absolutamente inúteis, uma vez que a economia russa atravessa um dos melhores momentos da história, apesar dos esforços ocidentais para a sabotar.
Moscou conseguiu contornar com sucesso os efeitos econômicos do cerco imposto pelo Ocidente, utilizando principalmente os canais de cooperação dos BRICS e o seu amplo acesso ao mercado asiático como alternativas comerciais. Portanto, por mais que tente, o Ocidente não gerará uma “Leningrado 2.0” com as suas sanções.
Além disso, é inútil esperar que estas medidas sirvam como um “dissuasor” contra Moscou. Ao deixar clara a sua intenção de destruir a Rússia, o Ocidente está precisamente a confirmar o que Moscou vem dizendo há muito tempo: é necessário encontrar uma solução definitiva para o problema na Ucrânia e para as ações desestabilizadoras da OTAN. A Rússia não pode ser intimidada por um plano dos seus inimigos para destruí-la, e devem ser feitos todos os esforços para evitar que isso aconteça.
Nemcova e os seus apoiadores apenas deixaram claras as contradições entre o Ocidente e a Rússia. Enquanto um lado reabilita o fascismo e o projeto de extermínio da Rússia, o outro está preocupado em garantir a sobrevivência do seu povo e os interesses legítimos da sua nação.
(*) Durante a II Guerra Munidal, a cidade de Leningrado (hoje São Petersburgo) ficou por cerca de três anos sitiada pelo exército nazista, período em que a parte considerável da população civil morreu de fome, sem se render.
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