
Wellington Calasans
Países com políticas estruturadas e empresários sérios, dedicados ao fortalecimento das relações internacionais, são agora atacados pelo abandono do estado nos EUA e pela ganância de especuladores inescrupulosos.
Uma salada de razões estapafúrdias tem sido usada para justificar o descumprimento de acordos pelos paladinos do liberalismo. Contratos são rasgados, taxas e tarifas criadas num misto de inveja e tentativa de vingança, etc.
Estes são apenas alguns dos ingredientes desta receita fadada ao fracasso que sai das tintas da caneta de Donald Trump, um presidente vaidoso, preso ao passado e que não conhece a realidade do próprio país.
Ao ignorar que a maior parte da indústria norte-americana é estrangeira, Trump impõe taxas e tarifas de importação contra o próprio povo. Com graves problemas para resolver as dívidas (pública e privada), Trump parece ter acordado nos anos 90 e imagina governar uma potência única que não existe mais.
Com a nítida incapacidade de conter o povo norte-americano, viciado no consumo barato (inclusive de drogas), depois de taxas, Trump agora sabota o transporte dos produtos importados. Mesmo ciente de que o máximo que vai conseguir é acelerar a estagflação (economia estagnada, acompanhada pela inflação).
Um “jênio”!
Na imprensa alternativa dos EUA
O Serviço Postal dos EUA (USPS) suspendeu a entrada de pacotes internacionais da China e de Hong Kong, afetando grandes varejistas online, como Shein e Temu. No entanto, cartas simples não foram afetadas.
A razão possível para essa suspensão pode ser a de tentar evitar que tarifas sejam contornadas por meio de pacotes de baixo valor, especialmente após a revogação de uma isenção que permitia pacotes abaixo de US$ 800 entrarem nos EUA sem impostos, o que ocorreu após a imposição de uma nova tarifa de 10% sobre produtos desses países.
As autoridades dos EUA estão reprimindo uma brecha usada por varejistas para competir nos EUA, o que acaba por denunciar as possíveis dificuldades de rastreamento de conteúdos ilegais nas remessas.
O volume de pacotes de baixo valor aumentou drasticamente, com 1,4 bilhão de pacotes no ano fiscal de 2024, um aumento significativo em relação a 2022. Outras operadoras postais agora lidam com esses pacotes, diminuindo o impacto da suspensão.
Autoridades afirmaram que as remessas da China são uma porta de entrada para drogas como o fentanil. A nova tarifa entrou em vigor, enquanto outras destinadas ao México e Canadá foram suspensas.
Embora os detalhes associados a uma possível negociação sobre tarifas ainda sejam incertos, a Casa Branca não descartou essa possibilidade.
As ações de empresas como Alibaba e JD. com caíram após o anúncio. Um relatório do Goldman Sachs detalhou como a mudança nas regras afetará plataformas de e-commerce como a Temu, que tem uma grande parte de suas operações nos EUA.
A Temu atualmente gera cerca de 40% de seu volume bruto de mercadorias (GMV) nos Estados Unidos, mas enfrentará desafios devido às novas tarifas, apesar de sua estrutura de custos mais competitiva.
O futuro da Temu dependerá de tarifas adicionais e outras regulamentações, enquanto continua a diversificação e adaptação de seus modelos de negócios para se manter competitiva.
O sucesso da Temu também pode ser impactado por sanções semelhantes que outros países possam adotar. A Temu é uma página web chinesa de comércio eletrônico de propriedade da PDD Holdings Inc. com sede em Boston e Dublin.
Oferecer produtos com grandes descontos que são principalmente enviados aos clientes diretamente da China, esta não é uma exclusividade da Temu. Milhares de empresas e pessoas físicas vivem disso na “Terra da liberdade e das oportunidades” (pausa para rir).
Nota deste observador distante
O título deveria ser sobre “os impactos no livre comércio com o fim da globalização”, mas na medida em que é feita a análise dos acontecimentos, percebemos que o plano de globalização está mais consolidado do que o de livre comércio.
A política de “taxação” implementada por Trump é um sinal nítido da falência da farsa da livre concorrência. Esta só existiu enquanto foi útil para a manutenção da bolha especulativa, exploração da mão de obra e ganhos astronômicos com lucros e dividendos de preguiçosos que vivem do mercado especulativo.
A desculpa de combate ao tráfico de fentanil será usada para qualquer coisa a partir de agora. Os políticos e especuladores norte-americanos são muito previsíveis, eles não cumprem acordos, mentem descaradamente e tentam levar vantagem sempre.
O livre comércio será substituído pelo contrabando. A globalização que era o plano inicial, sob o domínio de uma potência única (EUA), foi consolidada apenas no vício do consumo, independentemente da origem do produto consumido.
Trump vai inaugurar a era da “contrabandomundização” nos EUA. Eu vi os ensaios deste cenário nas ruas e mercados populares de vários países africanos que visitei. Sempre tentei entender a lógica daquilo. Trump começa a esboçar um método para aquele caos. Um “jênio”!