
Wellington Calasans
A República Democrática do Congo (RDC), rica em recursos naturais como coltan, cobalto e diamantes, enfrenta um paradoxo: sua abundância mineral tem sido uma fonte de conflito, exploração e sofrimento humano por décadas.
Corporações internacionais lucram com esses recursos enquanto milhões de congoleses pagam com suas vidas.
A intervenção de Ruanda no leste da RDC, liderada por Paul Kagame, sob o pretexto humanitário, na verdade, visa explorar ilegalmente minérios valiosos, aumentando a instabilidade e beneficiando interesses comerciais globais.
As multinacionais que extraem esses recursos colaboram com governos corruptos e milícias armadas, ignorando práticas desumanas como trabalho infantil e violência sexual.
Apesar disso, os produtos derivados desses minerais chegam ao consumidor sem qualquer referência ao sofrimento causado.
O mundo permanece indiferente, muitas vezes reduzindo o conflito congolês a questões tribais ou de pobreza, omitindo as dimensões econômicas e políticas.
Ruanda, apesar de ser retratada como um modelo de desenvolvimento africano, é cúmplice nessa tragédia, servindo como intermediária para corporações internacionais.
Para romper este ciclo de exploração, países consumidores devem exigir maior transparência nas cadeias de suprimentos, e organizações internacionais precisam agir mais firmemente contra a exploração ilegal.
A transformação depende da conscientização global e da pressão exercida por consumidores éticos que questionem a origem dos produtos que compram.
Enquanto isso não ocorre, o genocídio silencioso na RDC continua, refletindo o fracasso coletivo de priorizar vidas humanas sobre lucros.
O sangue derramado nas minas congolesas alimenta tanto dispositivos tecnológicos quanto economias globais, mas também expõe a hipocrisia e a ganância do sistema internacional.
Nota deste observador distante
Ruanda é o Israel africano. O genocídio de Ruanda serviu para a criação de uma elite corrupta, obediente aos interesses estrangeiros e sustentada pelo sofrimento do próprio povo.
Além disso, as semelhanças estão nas missões cumpridas pela versão black de Netanyahu, Paul Kagame, de fomentar guerras, mortes e sabotar a paz e a prosperidade de uma região rica, sempre promovendo invasões territoriais através das armas.
Eu já estive no Congo duas vezes. Foi ali que descobri que aquela máxima, eternizada na música “Miséria” da banda Titãs, “miséria é miséria em qualquer canto”, não era válida. A miséria no Congo é pior do que as outras misérias que já vi em outros lugares.