
Lorenzo Carrasco
O Ministério dos Direitos Humanos decidiu reabrir uma investigação sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, ocorrida em agosto de 1976. A decisão esdrúxula foi obviamente combinada com um pedido do Ministério Público Federal a partir de um “novo” laudo do perito George Sanguinetti, o qual afirma que a hipótese de sabotagem mecânica do carro em que morreram JK e seu motorista Geraldo Ribeiro não pode ser descartada.
Sanguinetti, coronel-médico reformado da PM de Alagoas, ganhou notoriedade nacional durante a investigação do assassinato do ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello, Paulo César Farias, em 1996, ao discordar do laudo segundo o qual ele havia sido morto por sua namorada, que, posteriormente, teria cometido suicídio.
Ora, até mesmo a badalada Comissão Nacional da Verdade, instituída pelo governo de Dilma Rousseff, retomou o caso em 2014 e concluiu que não havia evidências de sabotagem ou homicídio no acidente na rodovia Presidente Dutra que matou JK e seu motorista, quando o carro em que viajavam bateu num ônibus da Viação Cometa, se descontrolou e atravessou a divisória da pista, batendo de frente num caminhão.
Talvez, já que parecem tão ociosos, os integrantes do ministério e do MPF arranjem tempo para ler o depoimento da filha de Geraldo Ribeiro, a advogada Maria de Lourdes Ribeiro, que escreveu um livro sobre o pai (“Geraldo Ribeiro, Alma vigilante de JK”, 2005) e refuta categoricamente todas as tentativas de enquadrar o acidente fatal como um “atentado dos militares” que governavam o Brasil na época.
Neste trecho, ela diz: “Meu pai, Geraldo, não gostava de fazer viagens longas com o Opala, porque o considerava vulnerável na sua estrutura, tinha um defeito de fabricação, o achava leve e nunca nos emprestou o carro, porque dizia que qualquer vácuo de ônibus ou batidinha de leve na sua traseira, ele rodopiava e poderia causar um grave acidente.”
Só falta acusarem Maria de Lourdes de cumplicidade com os supostos assassinos.
Um governo em declínio é coisa séria.