
Brasil Grande
Uma das principais táticas da USAID é a manipulação das informações. Como se sabe, apesar dela ter surgido em 1961 com intuito altruísta ainda no governo Kennedy, não imaginaria que a mesma instituição iria se tornar um grande centro de manipulação e mais.
Voltemos aos primeiros anos da Guerra Fria, com os eventos documentados no livro “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura“, de Frances S. Saunders. A obra conta um pouco da história de Michael Josselson, um agente da CIA, de 1950 a 1967.
Josselson fundou o dito “Congresso pela Liberdade Cultural”. Uma instituição que tinha escritórios em 35 países, empregava dezenas de pessoas, publicava mais de vinte revistas prestigiosas, realizava exposições artísticas, contava com um serviço de notícias e reportagens, conferências internacionais e recompensava os músicos e artistas com premiações e apresentações públicas. Sua principal missão era afastar a intelectualidade do Ocidente de seu fascínio remanescente pelo marxismo, levando-a a uma visão mais receptiva do estilo norte-americano.
A mesma função podemos enxergar em seus epígonos do USAID, NSA, NED e CIA, com atuação no Brasil. Se estudarmos obras como a “1964: A Conquista do Estado” de um René Armand Dreifus, o Golpe de 1964 não aconteceu apenas com a ameaça da Operação Brother Sam (envio de forças auxiliares dos EUA para ajudar os golpistas).
Como aponta o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira em “A presença dos Estados Unidos no Brasil“, sabemos que o presidente Jango já não tinha dúvidas a respeito das atividades da CIA por aqui, já que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) comprovara que o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e a Ação Democrática Popular (Adep), responsáveis pelo financiamento da campanha dos candidatos de direita nas eleições de 1962, recebiam recursos do exterior, usando o Royal Bank of Canada, do Bank of Boston e do First National City Bank para fazer esse financiamento.
Isso tudo era coordenado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), fundado em 29 de novembro de 1961 por Augusto Trajano de Azevedo Antunes (ligado à Caemi Mineração) e Antônio Gallotti (ligado à Light S.A.) e… adivinha? Com fortes ligações com a USAID, e a CIA, essas organizações foram fundamentais no golpe, sua presença foi extremamente marcante.
Já como fachadas legítimas, sua presença por toda a América Latina nos anos que seguiram foi constante. Para os autores Jean-Guy Allard y Eva Golinger tanto a USAID como o National Endowment para a Democracia (NED) quadruplicaram os fundos dados aos seus aliados na Venezuela, Bolívia, Equador e Cuba entre 2002 e 2006. Só na Venezuela, eles investiram mais de 50 milhões de dólares nesse período para alimentar grupos de oposição, além de promover a criação de mais de 400 novas organizações e programas para filtrar e canalizar esses fundos.
De 2005 a 2006, a USAID redirecionou mais de 75% de seus investimentos na Bolívia para grupos separatistas que buscavam minar o governo do presidente Evo Morales.
Em 2007, o orçamento da USAID na Bolívia atingiu quase US$ 120 milhões. Financiar partidos políticos de oposição e movimentos separatistas era sua principal tarefa. Além desse sistema de recrutamento de colaboradores das forças de ocupação, como em Cuba, Venezuela e Bolívia, existem “programas básicos para a democracia”. Representantes da USAID viajam sob proteção militar, diz a Front Lines, reconhecendo a precariedade da segurança em áreas distantes das instalações do Exército dos EUA.
Como prova da natureza particular do seu chamado trabalho humanitário, a presença da USAID no Iraque era gerida por um sujeito chamado Kent Larson, um oficial conhecido por suas atividades corrosivas na antiga URSS.
No início dos anos 2000, Larson se viu chefe da USAID na Geórgia, participando ativamente da operação Operação Provide Hope quando a Comunidade dos Estados Independentes foi alvo, após o colapso da URSS, durante o período de transição do estabelecimento da “democracia” e da transição para uma “economia de mercado”, daquela forma bem peculiar que eles adoram impor.
Mas, as atividades de propaganda da USAID, não param por ai.
Eles tiveram envolvidos em duas famosas operações de guerra psicológica contra os cubanos. A primeira foi a Operation Mongoose, proposta por Richard Goodwin e cuja implementação Kennedy autorizara em 3 de novembro.
Os agentes da CIA, infiltrados em vários países latinos, trataram de instrumentalizar tanto as forças da direita quanto da própria esquerda e não recusaram qualquer meio ilícito ou criminoso para atingir aqueles fins.
Essa operação foi famosa pela atividade das black operations, com o objetivo de levar os países latino-americanos a romper relações diplomáticas com Cuba ou declarar seus diplomatas como personae non grata, constituíam algumas de suas atividades, com infiltração de agentes em embaixadas, forçando empresários americanos a manipular os mercados locais dos países em questão, e demais trapaças.
Outra ação famosa e bizarra foi a Operação Northwoods foi uma proposta de operação de bandeira falsa originada no Departamento de Defesa do gov. dos EUA em 62, para se ter ideia da loucura a missão visava assassinar pessoas inocentes e praticar atos de terrorismo em cidades americanas com o objetivo de enganar a opinião pública americana, conduzindo-a a apoiar uma guerra contra Cuba. Os planos incluíam o possível assassinato de refugiados cubanos, o afundamento de barcos de refugiados cubanos em alto mar, o sequestro de aviões comerciai o afundamento de barcos de refugiados cubanos em alto mar, o sequestro de aviões, a explosão de um navio e até a orquestração de terrorismo violento em cidades americanas, advinha só? Com fortes participações da USAID dentro dos países da região forçando todo mundo a acreditar.