
Lorenzo Carrasco
Quaisquer outras considerações à parte, é inegável que Donald Trump está desfechando golpes devastadores na estrutura de poder que tem governado os EUA nos bastidores desde o fim da II Guerra Mundial, com mais ênfase desde o fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, o chamado “Estado Profundo” ou “Deep State”.
Um poder especializado em operações encobertas contra os que se opunham aos seus desígnios, com intervenções diretas como assassinatos, atentados e golpes de Estado, e ações de influência para minar as soberanias de países-alvo dos seus interesses, financiando uma pletora de organizações e entidades locais sob cortinas de atividades meritórias, como ajuda humanitária, promoção da “democracia”, proteção dos direitos humanos e do meio ambiente, combate ao racismo etc.
Entre as suas numerosas vítimas, destacam-se nos próprios EUA os irmãos Kennedy, John e Robert, além de tentativas que chegaram bem perto, como o atentado contra o próprio Trump, então candidato, em julho de 2024.
Assim, não admira que Trump esteja com a proverbial faca nos dentes, investindo furiosamente contra os pilares do poderio do Deep State, com o fechamento da USAID, o esvaziamento da Fundação Nacional para a Democracia (NED) e da máquina de catastrofismo climático, a liberação da documentação oficial sobre o assassinato de John Kennedy e outras medidas, além de cercar-se de aliados comprometidos com a mesma proposta.
Um deles, talvez o mais simbólico, é Robert Kennedy Jr., filho de Robert e sobrinho de John Kennedy, nomeado para o Departamento de Saúde, que usou sua conta no X (ex-Twitter) para transmitir o seguinte recado, após o quebra-pau na Casa Branca entre Trump, o vice-presidente J.D. Vance e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski, na última sexta-feira:
“Este tuíte corre o risco de ser denunciado e restringido, mas vejo a necessidade de dizê-lo em voz alta: Nosso verdadeiro inimigo não é a Rússia ou a Ucrânia. Nem mesmo a China. São aqueles que induziram e tentaram perpetuar guerras – para que pudessem lavar bilhões do nosso dinheiro em seus próprios bolsos. São aqueles que financiaram revoltas e instabilidade em todo o mundo via USAID. São aqueles que cometeram crimes indizíveis contra crianças em uma ilha e se mantiveram acima da lei. São aqueles que manipulam as pessoas com propaganda sem fim – usando nossos impostos. São aqueles que semearam tanta divisão entre nosso próprio povo. São aqueles que atiraram no meu pai, no meu tio e em Donald Trump, na cabeça. São aqueles que envenenaram o nosso próprio povo durante anos, apenas para que pudessem lucrar mais. Eles são o mesmo grupo de pessoas. E não vamos parar até que os dividamos em mil pedaços, o Estado Profundo, e recuperemos o nosso país”.
A última frase é uma oportuna recordação da promessa de John Kennedy de “dividir a CIA em mil pedaços”, que ele não pode cumprir porque o Deep State, do qual a CIA é peça-chave, o eliminou antes.
Por ironia, agora, é o fantasma dos irmãos Kennedy que está assombrando esse mesmo poder paralelo.