
A China suspendeu um acordo de US$ 23 bilhões promovido pela BlackRock, a maior gestora de ativos dos EUA, para colocar os portos do Canal do Panamá novamente sob controle americano, em meio a preocupações sobre suas ramificações econômicas e geopolíticas.
No início de março, o conglomerado CK Hutchison Holdings, de Hong Kong, fechou um acordo com um consórcio liderado pela BlackRock para vender a Hutchison Port Holdings, que opera 43 portos em 23 países, incluindo dois dos principais portos do Canal do Panamá.
O órgão de vigilância do mercado SAMR da China lançou uma análise da venda na semana passada, com o Ministério das Relações Exteriores dizendo que a investigação antitruste tinha como objetivo proteger a justiça do mercado e os interesses públicos.
Anteriormente, ao discutir o acordo, Pequim expressou “firme oposição” às tentativas de infringir os direitos e interesses dos países por meio de “coerção econômica, hegemonismo e intimidação”.
A intervenção do SAMR veio bem a tempo, com a BlackRock esperando finalizar o acordo já em 2 de abril.
Em 5 de março, a mídia de negócios dos EUA informou que o CEO da BlackRock, Larry Fink, havia garantido pessoalmente à Casa Branca que as instalações portuárias do Panamá que Trump ameaçou “reivindicar” poderiam ser adquiridas sem o uso da força.
Uma fonte disse à Fortune que o acordo com a Hutchison “não teria sido fechado sem o apoio de Trump”.
O Panamá se retirou da iniciativa Cinturão e Rota da China em fevereiro, atraindo críticas de Pequim, que acusou Washington de “usar pressão e coerção para difamar e minar a cooperação do Cinturão e Rota”.
Acomodando mais de 14 mil navios por ano, o Canal do Panamá é uma das principais artérias marítimas estratégicas do mundo, responsável por 5% do comércio global.
Os EUA representam cerca de 70% do tráfego, com o canal encurtando o transporte marítimo entre as costas leste e oeste e facilitando o comércio com o resto do mundo, incluindo as exportações de GNL e alimentos dos EUA para a Ásia.
Para a China, o canal é a porta de entrada para a América Latina – uma fonte de importações de alimentos, matérias-primas e energia, além de exportações de produtos acabados.
Com informações do Geopolitics Live