
Lorenzo Carrasco
O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, acaba de elevar a prática do “cinismo estrutural” a níveis olímpicos, com sua proposta de congelamento do salário mínimo brasileiro por seis anos. Dizendo-se preocupado com o cenário fiscal do País, ele definiu o Brasil como um “paciente grave”, que exige um diagnóstico frio.
Falando na Brazil Conference, evento anual realizado por estudantes brasileiros em Boston, EUA, ele deixou claro que para a sua classe de rentistas o problema fiscal brasileiro não tem nada a ver com os juros estratosféricos ditados pelo BC, e que o orçamento do governo federal tem que ajustar-se a essa condição: “Uma boa já seria, provavelmente, congelar o salário mínimo em termos reais. Seis anos congelados já ajudaria”.
O “diagnóstico” feito pelo ex-sócio de George Soros não é frio, é cínico ao extremo e reflete o “algoritmo mental” de seus parceiros rentistas, que têm parasitado o Brasil desde a década de 1990 e, a partir de sua praça forte, o BC, têm bloqueado qualquer possibilidade de avanço econômico e social real do País.
Nos níveis atuais (14,25%), a taxa Selic do BC inviabiliza quaisquer investimentos produtivos legais, com raríssimas exceções. Mas faz a euforia e a fortuna dos armínios da praça e seus porta-vozes midiáticos.