
Brasil Grande
Existe um problema muito grande em vários setores públicos brasileiros, principalmente na Polícia Federal e Ministério Público. Está claro que esse vazamento tinha objetivo não de prejudicar este governo, mas o país.
Antes de fazermos a cronologia do caso é bastante importante ressaltar que os atos não tiveram objetivos de destruir instituições paraguaias; atacar o país como vemos outros serviços de inteligência fazendo como: Mossad, CIA e MI6, que derrubam governos e assassinam pessoas.
O objetivo da operação toda, fica bem claro, que era adquirir informações e se preparar para mesa de negociações, o que é bastante aceitável e de se orgulhar.
Porém, é bastante preocupante quando agentes públicos da PF e do STF tiveram acesso à operação e vazaram para a imprensa, o que mostra que temos muitos ratos nessas instituições.
Origem da denúncia de espionagem da ABIN contra autoridades do Paraguai, divulgação inicial e veículo da notícia.
A primeira revelação pública sobre a suposta operação de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) contra autoridades do Paraguai ocorreu em 31 de março de 2025.
Nesta data, o portal UOL publicou uma reportagem exclusiva, assinada pelo jornalista Aguirre Talento expondo que a ABIN teria realizado uma “ação hacker” contra membros do governo paraguaio.
Essa reportagem inicial detalhou que, sob o governo atual (Lula), mas com planejamento iniciado no governo anterior (Jair Bolsonaro), agentes da ABIN invadiram sistemas paraguaios – incluindo a Presidência da República e o Congresso Nacional do Paraguai – para obter informações confidenciais relacionadas à negociação de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu.
Trata-se do primeiro registro público dessa acusação, divulgado por um veículo de imprensa brasileiro de grande alcance (UOL), e replicado em seguida pela mídia paraguaia e internacional. A publicação ocorreu na madrugada de 31 de março.
Fontes sigilosas e base documental da denúncia
A reportagem pioneira do UOL baseou-se em documentos e depoimentos sigilosos obtidos no curso de uma investigação oficial em andamento. Em particular, a matéria cita depoimentos colhidos pela Polícia Federal (PF) de servidores da própria ABIN envolvidos na operação. Um agente da ABIN, com mais de 20 anos de carreira, prestou depoimento à PF em novembro de 2024 detalhando a ação hacker contra o governo paraguaio. Esse testemunho – cuja transcrição foi encaminhada sob sigilo ao Supremo Tribunal Federal (STF) – foi obtido com exclusividade pelo UOL.
No relato, o agente descreveu minuciosamente como foram realizadas as intrusões em computadores de autoridades paraguaias, mencionando inclusive o uso da ferramenta de invasão Cobalt Strike e o emprego de e-mails com engenharia social para comprometer sistemas do Paraguai.
Um segundo servidor da ABIN confirmou à PF a existência da operação (embora sem detalhes, por não ter participado diretamente), e uma terceira fonte corroborou os fatos para os jornalistas.
Não se trata, portanto de informação divulgada voluntariamente pelo governo brasileiro ou por autoridades paraguaias, mas sim de dados sigilosos vazados de uma investigação policial interna.
Modo de vazamento e publicação na imprensa
As informações chegaram ao conhecimento da imprensa por meio de vazamento de conteúdo confidencial da investigação da PF. Fontes com acesso ao inquérito policial forneceram os detalhes ao jornalista do UOL, permitindo a publicação da matéria exclusiva.
Conforme destacado em análises subsequentes, tratou-se de um vazamento de informações da PF acerca do caso. Em outras palavras, a imprensa não obteve esses dados por meio de pronunciamento oficial ou decisão judicial pública, mas sim graças a fontes anônimas(delatores/traidores) dentro da investigação que repassaram documentos e depoimentos sigilosos.
A reportagem inclusive ressalta que optou por omitir o nome do agente da ABIN que depôs, por razões de segurança operacional, dada a natureza sensível do conteúdo vazado. resumindo a revelação ocorreu via imprensa com material confidencial, divulgado sem autorização oficial.
Contexto político e institucional à época da revelação
No momento em que a informação veio a público, o Brasil está sob o governo Lula, e a ABIN estava sob direção de Luiz Fernando Corrêa – delegado aposentado da PF.
A operação de espionagem em questão insere-se, entretanto em um contexto de transição entre governos e de investigação de possíveis abusos cometidos pela gestão anterior da ABIN.
Desde o início de 2023, a PF conduz um inquérito para apurar desvios e espionagens ilegais supostamente praticados pela ABIN durante o governo Jair Bolsonaro (quando a agência era dirigida por Alexandre Ramagem e, posteriormente, por outros indicados de Bolsonaro).
Esse inquérito foi motivado por denúncias de utilização indevida do aparato de inteligência estatal. Denúncias essas que vieram à tona em março de 2023, revelando a existência de uma espécie de “ABIN paralela” voltada a interesses políticos do ex-presidente.
Dentro dessa ampla investigação, os depoimentos sobre espionagem a autoridades estrangeiras (no caso, paraguaias) surgiram como um dos achados mais graves, indicando que a ABIN não apenas teria espionado opositores internos, mas também conduzido operações clandestinas no exterior.
Importa ressaltar que, de acordo com o depoimento do agente e com a nota oficial emitida posteriormente pelo governo, a autorização inicial para a operação hacker contra o Paraguai ocorreu em junho de 2022, ainda na gestão Bolsonaro.
Esse plano teria tido continuidade na transição de governo: o agente afirmou que a cúpula da ABIN apresentou pessoalmente o projeto ao novo diretor (Luiz Fernando Corrêa) no início de 2023, e que este o avalizou entusiasmado.
O atual governo, contudo, alega que tão logo tomou conhecimento da operação, determinou sua suspensão em 27 de março de 2023, antes mesmo da posse oficial de Corrêa (que assumiu em 05/2023).
Em nota pública divulgada após a reportagem, o Palácio do Planalto negou envolvimento da gestão Lula em qualquer espionagem contra o Paraguai, atribuindo a iniciativa integralmente ao governo anterior e informando que ela não prosseguiu sob a nova administração.
Também coincidia com um período de negociação sensível entre Brasil e Paraguai – a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que trata das bases financeiras e tarifas da usina binacional, previsto para ser redefinido após 2023.
Vale lembrar que a ação hacker narrada ocorreu justamente meses antes do fechamento de um novo acordo tarifário de Itaipu em maio de 2024, o que sugere um contexto de busca de vantagem informacional nas negociações internacionais.
Em suma, politicamente, a revelação emergiu em meio a esforços de correção de rumos na inteligência brasileira pós-Bolsonaro e durante tratativas diplomáticas e comerciais sensíveis com o Paraguai, gerando forte constrangimento para as autoridades atuais.
Repercussão Diplomática no Paraguai
A divulgação dessa espionagem causou imediata repercussão diplomática no Paraguai. Já no dia 1º de abril de 2025 (no dia seguinte à matéria original), o governo paraguaio adotou medidas formais de protesto e averiguação.
O Presidente Santiago Peña ordenou a convocação do embaixador do Brasil em Assunção, Sr. José Antonio Marcondes, para prestar esclarecimentos urgentes sobre o caso. Nesta reunião, realizada na chancelaria paraguaia naquela tarde, o vice-chanceler Víctor Verdún entregou ao embaixador brasileiro um pedido oficial por escrito de explicações detalhadas sobre a operação de inteligência revelada, abrangendo o período de julho de 2022 a março de 2023.
Como gesto diplomático de desagravo, o Paraguai também anunciou a suspensão temporária das negociações relativas ao Anexo C do Tratado de Itaipu – objeto direto da suposta espionagem – até que “todos os fatos sejam devidamente esclarecidos”.
Paralelamente, a imprensa paraguaia repercutiu extensamente a denúncia desde 31 de março de 2025, tornando o assunto manchete nos principais jornais (como ABC Color e Última Hora). O tema rapidamente ganhou foro político interno: o Parlamento paraguaio debateu o caso, e deputados cobraram ação do Poder Executivo, chegando a sugerir consulta a países aliados (como Estados Unidos e Israel) para auxílio em segurança cibernética.
O Ministério das Relações Exteriores do Paraguai acionou seus canais diplomáticos para obter esclarecimentos oficiais do Brasil, enquanto autoridades paraguaias de TI e segurança iniciaram varreduras em sistemas governamentais para identificar eventuais comprometimentos pretéritos.
Em suma, já em 1º de abril de 2025 houve uma resposta diplomática contundente: o embaixador brasileiro foi formalmente interpelado e as tratativas bilaterais sobre Itaipu ficaram paralisadas, sinalizando a gravidade com que o Paraguai tratou a denúncia de espionagem.
O vice-chanceler entrega uma solicitação formal de informações ao Brasil acerca da operação de espionagem Concomitantemente, o Presidente Santiago Peña suspende as negociações com o Brasil sobre o Anexo C de Itaipu até esclarecimento completo do episódio.
Autoridades paraguaias anunciam revisão de seus sistemas de informação e o tema domina o noticiário e o debate político no país vizinho. Em Brasília, o diretor-geral da ABIN é convocado por parlamentares brasileiros a prestar esclarecimentos, e a PF aprofunda as investigações para determinar a legalidade da operação e a eventual responsabilidade de agentes públicos, tanto da gestão passada quanto da atual, nesse ato.