
Lorenzo Carrasco
A bomba da última semana foi o anúncio de que, com as atuais projeções para o orçamento da União em 2027, não haverá recursos para o governo cumprir sequer os investimentos mínimos em saúde e educação previstos na Constituição.
Segundo os informes, o problema decorre das regras do decantado Arcabouço Fiscal vigente, da retomada do pagamento integral de precatórios dentro do teto de despesas previstas e, não menos do que já está reservado para emendas parlamentares (que somam R$ 56,5 bilhões). Em resumo, o déficit previsto nas rubricas educação e saúde chega a R$ 11 bilhões.
Em meio a esse prognóstico sombrio, vicejam propostas esdrúxulas dos representantes do sistema financeiro, como o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que sugeriu o congelamento do salário mínimo real por seis anos.
E nem uma palavra sobre o serviço da dívida pública, a grande negociata em torno da qual gravitam as políticas públicas brasileiras, e que devorou nada menos que 43% do orçamento federal em 2024 – mas este é um compromisso sacrossanto, que sequer deve ser mencionado em discussões sobre os problemas do País. Sem falar no prognóstico de manutenção da taxa Selic do Banco Central em níveis superiores a 10%, que praticamente inviabilizam a grande maioria das atividades produtivas legais.
Mas o que salta aos olhos de qualquer observador minimamente isento é que se chegou ao limite de estabilidade física do sistema de controle instituído na “Nova República”, com a concessão das alavancas de controle do País ao sistema financeiro e ao protagonismo político do Judiciário (em especial, o Supremo Tribunal Federal) e ao Ministério Público.
O resultado é um Brasil arruinado e atolado num pântano de estagnação e desesperança, cenário que torna extremamente volátil a atmosfera na qual se realizarão as eleições de 2026.