
Lorenzo Carrasco
Há 525 anos, os portugueses chegaram ao litoral da atual Bahia para tomar posse oficial do território que hoje é o Brasil. Não foi propriamente uma descoberta, pois os lusos já tinham pleno conhecimento da existência do continente americano, fruto de numerosas expedições realizadas ao longo do século XV, organizadas pelo Infante Dom Henrique e seus sucessores. Ou seja, Pedro Álvares Cabral sabia exatamente para onde se dirigia, como indica a Carta do Mestre João ao rei Dom Manuel, menos conhecida que a de Pero Vaz de Caminha.
A “divisão” do continente entre Portugal e Espanha, pelo Tratado de Tordesilhas de 1494, já havia sido orientada pelo conhecimento detido pelos navegadores portugueses.
A rigor, a colonização do continente situado no outro lado do Mar Oceano, como o Atlântico era conhecido, se deu no âmbito de um projeto civilizatório estabelecido dentro de ordens ibéricas, em especial, as de Cristo, Santiago e dos Jerônimos, com o apoio dos Franciscanos, e articulado em meio às incessantes disputas dinásticas e políticas dos reinos ibéricos, principalmente, Portugal e Castela. Movimento que envolvia um profundo elemento espiritual de expansão da fé cristã, em grande medida, encarnado na figura da Virgem de Guadalupe de Extremadura, padroeira das navegações.
No Brasil, a data não é celebrada como deveria, como fazem os EUA com 12 de outubro, que assinala a chegada dos espanhóis ao Caribe (Dia de Colombo, embora celebrado na segunda segunda-feira de outubro), ou faziam os países ibero-americanos antes da onda revisionista “identitária” das últimas décadas. Em vez disto, fica “ensanduichada” entre os feriados dedicados a um episódio menor, como a Inconfidência Mineira e, no Rio de Janeiro, a São Jorge. Com todo o respeito a Tiradentes e ao santo guerreiro, o nascimento do Brasil deveria ter prevalência.
E você sabe o do dia de seu batismo? Veja que temos um problema.