
Lorenzo Carrasco
Como suspeitavam muitos, as causas primárias do apagão que atingiu Espanha, Portugal e uma parte da França estão mesmo vinculadas às instabilidades geradas no sistema elétrico pelas centrais geradoras eólicas e solares.
Na terça-feira, dia 29, a concessionária espanhola Red Eléctrica confirmou que o apagão foi causado por uma falha do próprio sistema, oriunda da entrada maciça de eletricidade das usinas fotovoltaicas do sudoeste do país, que geraram situações de “enorme instabilidade” na rede. Em fevereiro, a empresa já havia informado sobre os riscos de “desconexões de geração pela elevada penetração de (fontes) renováveis”.
Por ironia, no último dia 16, houve celebrações pelo fato de, pela primeira vez, a geração elétrica na Espanha ter sido 100% feita pelas centrais eólicas e solares. Na média, estas fontes fornecem cerca de 42% da eletricidade do país. E Portugal, que era autossuficiente, fechou várias usinas termelétricas para comprar a eletricidade “mais barata” da Espanha. Tudo seguindo a cartilha do “carbono zero líquido” (net zero).
Agora, a conta da insanidade chegou, e não é pequena. Apenas na Espanha, os prejuízos do apagão de ontem já chegam a € 20 bilhões, e os números de Portugal ainda não são conhecidos. Mas o pior é que o problema poderá se repetir.
Em suma, “zero líquido” pode ser sinônimo de energia zero.