
Lorenzo Carrasco
Os megafundos gestores de ativos, como o BlackRock, Vanguard, State Street e outros, impressionam pelo seu poderio financeiro, reunindo ativos na casa dos trilhões de dólares, maiores que o Produto Interno Bruto (PIB) da grande maioria dos países do mundo. Esses megapilares da estrutura de poder financeiro global têm raízes profundas na História. Eles remontam aos antigos “fondi” das oligarquias de Veneza, que reuniam ativos das famílias controladoras da Sereníssima República, que elevaram as manipulações políticas ao nível de arte, com o propósito de exercer domínio político, econômico e até cultural sobre áreas geográficas e países inteiros, consolidando técnicas que ainda hoje integram o manual hegemônico dos oligarcas contemporâneos.
Da sua laguna no Adriático, os oligarcas venezianos se projetaram para Amsterdã no século XVI, e daí para Londres, aperfeiçoando os grandes instrumentos de poder que ainda hoje servem aos seus sucessores oligárquicos, como intrigas políticas para lançar adversários poderosos uns contra os outros, o controle dos fluxos financeiros por meio de bancos centrais “independentes”, o domínio das rotas marítimas e do comércio internacional, influência sobre as correntes de pensamento e temas científicos, e outras.
Hoje, os “fondi 2.0” têm os seus representantes no topo do poder em vários países, inclusive, alguns no comando deles, casos exemplares do francês Emmanuel Macron, ex-funcionário da família Rothschild, do britânico Keir Starmer, preposto da “City” de Londres (de onde também saiu seu antecessor, Rishi Sunak), do recém-eleito primeiro-ministro canadense Mark “City” Carney e do candidato a chanceler alemão Friedrich Merz, ex-executivo do BlackRock.
Não é o caso de uma repetição da História, mas, certamente, de uma “renovação” – para pior.