
Realizou-se no dia 13 de maio, em Nova York, o encontro anual do fórum LIDE, que contou com a presença de diversas autoridades brasileiras do mais alto escalão.
O grupo foi criado em 2003 pelo ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, João Dória Jr. Hoje, é presidido por seu filho João Dória Neto. O ex-governador hoje compõe o conselho da instituição, junto com o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, com a ex-ministra do Meio Ambiente do Meio Ambiente Izabella Teixeira, com o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer e com o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Luiz Fernando Furlan, membro do Conselho de Administração da BRF. Além do ex-presidente Michel Temer, que falou no painel de abertura.
Todos ocuparam cargos nos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula (1 e 2), Dilma e Temer, representando diversos momentos da república no pós-Ditadura.
O evento contou com patrocínio de diversas organizações, conforme sinalizado no sítio da LIDE. Dentre elas, a Aegea, grupo que controla a empresa Águas do Rio, responsável pela distribuição de água no município do Rio de Janeiro, e a Ambipar, a empresa que firmou um protocolo de intenções com o Ministério dos Povos Indígenas para gestão ambiental de todas as terras indígenas no território nacional. Além da empresa de distribuição de energia Light, cuja controladora está em recuperação judicial há dois anos. A empresa foi privatizada no final da década de 1990 e atende os municípios da Região Metropolitana do RJ, com exceção de Niterói e Petrópolis, atendidos pela já famigerada Enel.

Para não deixar de falar do Rio de Janeiro, o evento também foi patrocinado pela Prefeitura e pelo Governo do Estado, apesar deste ainda se encontrar no plano de recuperação fiscal com a União – o que impede a concessão de aumentos para o funcionalismo, mesmo para recuperar as perdas salariais com a inflação.
Já o Grupo Gerdau tem uma grande experiência em patrocínio desses eventos. O presidente do conselho de administração, Jorge Gerdau Johannpeter, é membro do Conselho de Governança do Instituto Millenium, think tank fundada em 2005, no Rio, para defesa do liberalismo econômico. Além disso, também é doador para o Brasil Paralelo, empresa de produção de conteúdo do mesmo espectro ideológico do IM.
Outro patrocinador é o BRB, banco controlado pelo Governo do Distrito Federal, que recentemente anunciou a polêmica compra do Banco Master, instituição financeira que se envolveu em investimentos de alto risco, como compra de precatórios e aportes em empresas de perfil arriscado, segundo a “Forbes” – veículo especializado em investimentos. Uma ação do MP do DF pediu o impedimento da compra, pela decisão não ter passado pela Assembleia de Acionistas e pela falta de autorização legislativa para operação, já que o Distrito Federal controla 70% do capital do BRB.
O economista-chefe do Master, Paulo Gala, estava programado para participar do painel “as relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos”, com a presença dos governadores Cláudio Castro (RJ), Eduardo Leite (RS), Ronaldo Caiado (GO), Renato Casagrande (ES) e Ibaneis Rocha (DF), além do conselheiro do LIDE Henrique Meirelles. Dois deles, Caiado e Leite, apresentam-se como presidenciáveis para 2026.

No painel “O Brasil e seu papel na institucionalidade com os Estados Unidos”, quem foi o centro das atenções foi ministro do STF Luís Roberto Barroso, com a seguinte fala:
“Recentemente tivemos um decisivo apoio dos EUA à institucionalidade e à democracia em movimentos de sobressalto. Como presidente do STF estive com encarregado de negócios americano. Em três vezes pedi declarações de apoio à democracia brasileira, incluindo do Departamento de Estado. Acho que isso teve algum papel, porque os militares brasileiros não gostam de se indispor com os Estados Unidos, pois é aqui que obtêm seus cursos e seus equipamento”.
Mesmo destacando esse protagonismo que assumiu em 2022, à época das últimas eleições presidenciais, afirmou ainda que não há conflito entre os poderes:
“Temos um quadro institucional de estabilidade de 40 anos e uma temperatura política que diminuiu imensamente. As pessoas falam de tensões entre Poderes. Isso não existe. O Supremo tem uma relação muito boa com a Câmara dos Deputados e com o Senado Federal. O que não quer dizer que não tenhamos divergências. Pensamento único só existe em ditaduras. E, portanto, pensar de maneira diferente não há problema. Mas, numa democracia, as diferenças e as crises são absorvidas institucionalmente e não há nenhum risco nessa matéria”.
O recado foi dado.