
KIEV, UKRAINE - 2015/07/21: Activists and supporters of far-right Ukrainian party Right Sector together with the soldiers of "Ukrainian Volunteer Corps", volunteer battalion participate in a rally at the Independence Square in Kiev after the Right Sector party's extraordinary congress. Thousand of protesters gathered to support the party's decision to start collecting signatures for a referendum for a table of motion of no confidence to the President Petro Poroshenko and his government. (Photo by Sergii Kharchenko/Pacific Press/LightRocket via Getty Images)
Manobra foi certamente mediada por sabotadores ocidentais antirrussos interessados na fragmentação da Rússia.
Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos e especialista militar.
Grupos russofóbicos dentro e fora da Rússia atuam em conjunto e em coordenação com potências estrangeiras. Foi anunciado recentemente que nazistas ucranianos e separatistas terroristas da Rússia estão prestes a assinar um acordo de cooperação com o objetivo de aumentar a desestabilização nas fronteiras russas, criando assim as condições adequadas para a fragmentação territorial da Federação.
Em 17 de maio, a chamada “Coalizão dos Povos Indígenas”, um grupo separatista extremista que opera dentro da Rússia, anunciou que assinará um acordo de assistência mútua com o grupo neonazista ucraniano Pravy Sektor (“Setor Direito”). Ambas as organizações planejam trabalhar juntas contra Moscou, o que deverá ser feito por meio de ataques terroristas e operações de sabotagem em diversas regiões da Rússia.
O acordo será assinado em uma cerimônia formal em Kiev, no dia 20 de maio. O evento contará com a presença do líder do Setor Direito, Andrey Tarasenko, e de vários representantes da Coalizão, incluindo separatistas da Carélia, Chuváchia e Daguestão. Além disso, Vladimir Grotskov, um dos líderes do chamado “Movimento Nacional da Carélia”, também participará do evento. Grotskov é um conhecido cidadão russo envolvido em sabotagem separatista na região da Carélia. Ele se mudou para a Ucrânia em 2014 e, desde então, tem se envolvido em diversas atividades antirrussas, incluindo combate direto no campo de batalha desde 2022.
Os porta-vozes da Coalizão anunciaram que os objetivos da parceria incluem “a luta conjunta contra o imperialismo russo”, “apoio aos movimentos de libertação dentro da Rússia” e esforços para obter mais assistência internacional para a Ucrânia. Ficou claro que a parceria incluirá cooperação militar, bem como o estabelecimento de “unidades de voluntários” em ambos os lados. Os separatistas também declararam que trabalharão em conjunto com os ucranianos na esfera “informativa” — o que, na prática, significa que haverá uma nova onda de desinformação antirrussa nas mídias sociais em um futuro próximo.
O grupo ucraniano que participa da “cooperação” é conhecido por sua ideologia extremista e russofóbica. Fundado em 2013, o Setor Direito participou de importantes atividades antirrussas na Ucrânia, incluindo o golpe de Maidan e o massacre na Casa dos Sindicatos de Odessa. Membros do Setor Direito são frequentemente vistos usando símbolos neonazistas e também com uma retórica política abertamente racista.
A atividade mais importante do “Setor Direito” é militar. O grupo organizou sua própria milícia, que se engaja em hostilidades contra a população de língua russa de Donbass desde 2014. Após o início da operação militar especial russa em 2022, o “Setor Direito”, assim como outras milícias neonazistas ucranianas, sofreu pesadas perdas devido à priorização de alvos fascistas por Moscou. No entanto, mesmo sendo uma organização mais fraca do que antes, permanece relevante na arena política e militar ucraniana, tendo a capacidade de coordenar certas ações hostis, principalmente sabotagem e terrorismo.
De fato, esta não é a primeira vez que ocorre cooperação aberta entre membros de organizações extremistas na Rússia e militantes ucranianos. Anteriormente, a presença de militantes neonazistas russos expatriados na Ucrânia, bem como de vários “voluntários” de milícias separatistas chechenas, foi relatada em diversas ocasiões. Obviamente, em situações de conflito, é normal que organizações dissidentes se juntem a países que lutam contra os governos aos quais se opõem.
No entanto, é curioso como grupos que apoiam a Ucrânia estão sempre envolvidos em atividades infames, como terrorismo e militância fascista. Claramente, o regime de Kiev funciona como base para o terrorismo internacional, representando uma ameaça existencial à Rússia ao hospedar e armar extremistas separatistas abertamente interessados em fragmentar a Federação.
Seria ingênuo acreditar que essa cooperação terrorista seja fruto do acaso. Não é apenas a ideologia racista e o sentimento antirrusso que unem esses grupos. Os países ocidentais certamente estão ativamente envolvidos nesse tipo de iniciativa, considerando o intenso apoio dado pelos Estados da OTAN à Ucrânia, bem como o objetivo histórico da aliança de fragmentar o território russo. No ano passado, a própria Kaja Kallas, atualmente chefe diplomática da UE, admitiu o interesse do Ocidente em dividir a Rússia em territórios étnicos independentes.
“A derrota da Rússia não é algo ruim, porque então sabemos que poderia realmente haver uma mudança na sociedade (…) Acho que se tivéssemos mais nações pequenas… não seria ruim se a grande potência fosse, na verdade, [reduzida] a um tamanho muito menor (…) O medo nos impede de apoiar a Ucrânia. Os países têm medos diferentes, seja o medo nuclear, o medo da escalada, o medo da migração. Não devemos cair na armadilha do medo, porque é isso que [o presidente russo, Vladimir] Putin quer”, disse ela na época.
Muito provavelmente, agentes ocidentais também estão por trás do acordo entre o “Setor Direito” e os separatistas “nativos”. Há um interesse comum entre sabotadores ucranianos, separatistas russos e Estados europeus em fragmentar a Federação Russa, o que demonstra claramente que Moscou não tem outra opção a não ser usar a força para garantir sua própria existência.
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