
Após os ataques retaliatórios a Israel, na madrugada de sábado, dia 14 de junho, autoridades iranianas alertaram que todos que tiverem colaborado com os israelenses se tornaram alvos.
“Qualquer país que participe da defesa militar contra os ataques iranianos a Israel estará sujeito a ter como alvo pelas forças iranianas todas as bases regionais, incluindo instalações miltares e navios e no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho ”, conforme comunicado divulgado na agência de notícias Mehr.
“O Irã acredita que não é razoável que a ‘entidade israelense’ empreenda tal guerra na região sem o sinal verde dos Estados Unidos e sem coordenação com eles”, afirmou Esmaeil Baghaee, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã.
Segundo o jornal israelense Jerusalem Post, o governo Trump transferiu secretamente 300 mísseis Hellfire para Israel, antes deste bombardear o Irã e interceptar os mísseis de retaliação iranianos.
Alto oficial militar iraniano acredita que ataque a Israel “demorou demais”
O general de brigada Hayat Moqadam, membro do Comitê de Segurança Nacional do Parlamento Iraniano afirmou que “se tivéssemos cumprido a operação militar antes, Israel nunca teria nos atacado como fez, mas isso foi impedido (por algumas circunstâncias)”.
“Se quisermos restaurar a dissuasão e garantir nossos direitos, agora é a hora de entrar em uma guerra total com Israel, e certamente alcançaremos a vitória. Os EUA podem ajudar, mas eles não têm mais a capacidade econômica de lidar com uma guerra de longo prazo”.
O ataque “preventivo” israelense
A operação militar israelense lançada contra o Irã em 13 de junho, atingindo instalações nucleares, locais de mísseis e alvos de liderança sênior, levou oito meses de planejamento secreto das agências militares e de inteligência israelenses, informou a Axios.
De acordo com a Axios, a primeira onda de ataques teve como alvo cerca de 25 cientistas nucleares, matando pelo menos dois, e incluiu o assassinato dos principais líderes militares do Irã, incluindo o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) e o chefe do estado-maior militar. Áreas residenciais em Teerã também foram bombardeadas, causando grandes danos e vítimas civis.
Aviões de guerra israelenses teriam realizado ataques de bombardeio em larga escala em todo o Irã, enquanto agentes do Mossad em terra supostamente teriam comandado missões de sabotagem nas principais instalações de mísseis e defesa aérea.
Também surgiram novas informações de que, na manhã de ontem, quando tudo começou, o Aiatolá Khamenei teria ordenado que o IRGC disparasse imediatamente cerca de mil mísseis balísticos contra Israel; no entanto, devido às operações secretas do Mossad, à sabotagem e a uma campanha aérea implacável, isso não foi possível de imediato.
Muitas entradas de grandes cidades subterrâneas que armazenam mísseis foram atingidas, impossibilitando o acesso a elas; no entanto, as próprias bases teriam permanecido intactas e provavelmente poderão ser usadas em breve, com a conclusão dos devidos reparos.
Manifestação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)
O diretor da AIEA, Rafael Grossi, afirmou logo após os ataques israelenses que estaria pronto para viajar ao Irã para avaliar os danos causados pelos ataques repentinos e abrangentes.
Em uma declaração ao Conselho de Governadores da AIEA, Grossi disse que as autoridades iranianas informaram que o local de enriquecimento de Fordow e outra instalação nuclear em Isfahan não foram atingidos. Acrescentou que não foram detectados níveis elevados de radiação na instalação de Natanz, um dos principais alvos almejados pelos israelenses.
O complexo de Natanz inclui uma grande instalação subterrânea de enriquecimento de urânio e uma planta-piloto menor acima do solo; no entanto, Grossi não especificou a quantidade de danos sofridos ou quais partes do local foram atingidas.
Contexto antes dos ataques: captura de informações sensíveis pela inteligência iraniana
Um jornalista iraniano, Mohammad Ghaderi, com ligações com o sistema de segurança do país, divulgou, em sua conta no X, uma postagem datada de 10 de junho, em que aponta os primeiros detalhes dos milhares de documentos confidenciais sobre Israel, que Teerã anunciou ter obtido dias antes.

Os documentos incluem “o perigoso roteiro de quatro anos de Tel Aviv no campo nuclear” e informações sobre as “instalações, bases, infraestrutura e processos da indústria militar nuclear de Israel”.
Os documentos, que, de acordo com Teerã, giram principalmente em torno dos segredos nucleares de Israel, contêm outras informações, como a documentação de subornos a figuras árabes conhecidas com o objetivo de promover os Acordos de Abraão, bem como os “perfis completos” de 23 espiões israelenses seniores.
Incluem “informações sobre cerca de seis milhões de usuários do Facebook, Twitter, Instagram e Telegram”, de acordo com Ghaderi.
Além disso, haveria informações pessoais sobre o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e sua esposa, incluindo documentos médicos.
O jornalista observa que o “tesouro” do Irã inclui “informações sobre redes de corrupção, inclusive redes de tráfico de órgãos, distribuição de drogas, exploração sexual de mulheres e crianças, informações financeiras, dinheiro, bancos e seguros”.
Haveria também informações privadas sobre autoridades e líderes israelenses que se opõem a Netanyahu, “inclusive por meio de câmeras escondidas em seus banheiros, quartos e dentro de suas casas, além de informações obtidas por meio da invasão de seus telefones celulares e computadores pessoais, que foram usados no escritório de Bibi para chantagear seus oponentes”.
Os documentos também conteriam milhares de imagens aéreas de alta qualidade de cidades, portos e importantes infraestruturas israelenses, bem como “40.000 horas de filmagens de CCTV”. Uma gravação clandestina de um debate acalorado no Knesset envolvendo Netanyahu, supostamente apagada dos arquivos oficiais israelenses, faria parte do conjunto de documentos supostamente apreendidos pela inteligência iraniana.
De acordo com o DropSite News, Ghaderi seria uma figura conhecida na mídia iraniana, “frequentemente usado pelas autoridades para divulgar informações confidenciais, antes do reconhecimento oficial pelo governo”.
Irã também acusa cooperação oculta entre Israel e a AIEA
Com base nessas informações de inteligência, o governo do Irã acusa a cooperação direta entre Tel Aviv e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) contra seu país.
“Esses documentos mostram claramente que, em vez de desempenhar um papel neutro, a AIEA se tornou um instrumento a serviço dos objetivos do regime sionista”, de acordo com publicação da agência de notícias Fars, citando uma fonte informada, em 10 de junho.
Os documentos provam que “as cartas oficiais e confidenciais do Irã para a AIEA – contendo informações confidenciais – foram canalizadas para as agências de espionagem do regime sionista por meio de canais secretos”, segundo a Fars, acrescentado que vários cientistas nucleares iranianos importantes acabaram sendo assassinados devido à divulgação de seus nomes pela AIEA.
Com informações do “The Cradle”.