
Wellington Calasans
A região do Oriente Médio mergulhou em uma nova espiral de violência após um ataque israelense direto a um conjunto residencial em território iraniano, resultando na morte de civis e de altos oficiais militares e especialistas em energia nuclear do Irã.
O alvo estratégico do ataque, no entanto, foi a instalação nuclear de Natanz, onde Israel não hesitou em avançar mesmo diante do risco de contaminação radioativa em larga escala — uma ameaça capaz de ceifar milhões de vidas .
A Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI) confirmou a ocorrência de contaminação interna nas instalações, mas assegurou que não houve vazamento para o exterior. “Temos que limpar a radiação dentro da instalação e avaliar os danos”, declarou a agência, minimizando os impactos.
A gravidade do ataque, descrito como “sem precedentes em escopo e intensidade” pelo analista chinês Qin Tian, desencadeou uma onda de indignação popular no Irã. Milhares de cidadãos foram às ruas exigindo retaliação imediata, pressionando o governo a adotar uma resposta implacável.
O Irã não tardou: além de retaliar com ataques diretos, autoridades como Mohammad Eslami, chefe da OEAI, garantiram que o programa nuclear continuará “com força e solidez”, mesmo após os danos locais em Natanz.
Segundo Qin Tian, do Instituto de Relações Internacionais da China, os ataques israelenses desta vez atingiram dezenas de instalações nucleares em múltiplas províncias, não apenas alvos isolados.
Esses locais, vitais para a segurança e o orgulho nacional iraniano, foram atingidos de forma a “tocar diretamente os interesses centrais do Irã”, disse Qin. A retaliação, avalia ele, será inevitável e potencialmente devastadora. O Irã pode recorrer a ataques em larga escala com mísseis e drones, não apenas contra Israel, mas também contra interesses dos EUA no Golfo Pérsico, como bases militares ou petroleiros, na avaliação de Qin.
Além do conflito militar, o Irã ameaça abandonar as negociações nucleares com os EUA e até mesmo o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, elevando os riscos geopolíticos.
Enquanto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) monitora a situação, a escalada reacende temores de uma guerra regional, com impactos humanitários e econômicos catastróficos, como os já observados em Gaza e no Líbano.
A comunidade internacional, incluindo a ONU, alerta para a urgência de mediação, mas a dinâmica atual parece caminhar para um ciclo de violência sem fim.
Com o Irã determinado a defender sua soberania e Israel convicto de sua estratégia de “segurança preventiva”, o Oriente Médio enfrenta uma crise que redefine alianças e ameaça a estabilidade global.