Conforme afirmou Lorenzo Carrasco, o que se pode dizer da Cúpula dos BRICS de 2025, realizada no Rio de Janeiro, é que os BRICS viraram BIS, dada a ausência dos líderes russo e chinês.
Ao que se credita esta ausência? Putin mantém-se em seu “bunker” na Rússia, viajando internacionalmente só para países do seu entorno eurasiático, incluindo a China, muito em função do mandado do Tribunal Penal Internacional, em uma acusação de genocídio. Nos eventos fora desse espaço faz-se representar por seu chanceler Sergei Lavrov, que se faz presente no Brasil com certa frequência.
Já sobre a ausência do líder chinês, pairam mais dúvidas. Alguns falam do incidente com a primeira-dama em um reunião em Pequim, neste ano, que teria causado irritação em Xi Jinping. A famosa queixa de Janja sobre os conteúdos de “extrema-direita” veiculados no aplicativo TikTok. Pepe Escobar chegou a mencionar a presença do líder indiano Narendra Modi, que estaria desagradando o chinês.
Contudo, o mais provável é que a aproximação excessiva de Lula com os líderes e com a agenda dos europeus tenha sido um fator fundamental para ausência de Xi Jinping e o fato de que, reconhecidamente até por apoiadores de Lula, que o presidente brasileiro esteja prestigiando muito mais o G20 e a COP30 do que os BRICS, em uma agenda que converge muito mais com a França de Macron do que qualquer agrupamento de países do “Sul Global”.
Após a reunião dos BRICS, o ministro da Fazenda Fernando Haddad declarou que o Brasil não pode se tornar “uma apêndice dos BRICS” e que “busca relações comerciais com o mundo inteiro”, mencionando o acordo do Mercosul com a União Europeia, outra prioridade da política externa do Governo Lula, herdada de governos anteriores. A fala vem justamente um dia após Trump ameaçar os países dos BRICS com tarifas adicionais, se continuarem a aprofundar as iniciativas de desdolarização no comércio internacional, e sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que seria um perseguido pela Justiça brasileira.
Se a Cúpula dos BRICS ficou esvaziada, não dá para dizer que o Brasil não tem culpa nisso.
Imagem: Joedson Alves/ Agência Brasil.
