Carlos Velasco
O acordo assinado entre o “laranja” que ocupa a presidência americana e a Sr.ª “Vanderleia” (Ursula von der Leyen), ao contrário do que diz a maioria dos analistas, é um acordo “win-win” (ganha-ganha).
Os EUA, economicamente, são os vencedores claros, mas politicamente também ganham, afinal, recolhem uma enorme compensação pela guerra da Ucrânia. O investimento valeu a pena. A União Europeia ganha politicamente pois assim consegue comprar os EUA para o seu grande projeto, que é a continuação da hostilização à Rússia, ou melhor, para que ela continue a hostilizar a Rússia. Já os europeus, estes se lixam.
E se lixam mais do que imaginam pois nas entrelinhas estão pontos nos quais ainda ninguém tocou. Deixo de lado o que muitos já descobriram e foco noutros pormenores, que não são pormenores.
Lembremos que desde o ponto mais baixo da relação entre o euro e o dólar, no primeiro ano da guerra, quando um euro valia 0,97 dólares, o euro se valorizou para cerca de 1,16 dólares. Ou seja, esta tarifa de 15% se soma a uma valorização de pouco mais de 15% desde então. Levando em conta o déficit americano, as pressões da Casa Branca para que o FED baixe os juros, a pressão inflacionária na Europa (causada pelo aumento dos preços da energia, o que diminui ainda mais a competitividade da indústria europeia) e a necessidade da Europa, cujos governos terão de aumentar os gastos, de recorrer cada vez mais ao endividamento, e que esta não possui o grau de independência energética dos EUA e nem o poder do “Padrão Dólar”, podemos inferir que a tendência dos juros na Europa será de aumento enquanto nos EUA será de baixa, o que manterá a sobrevalorização do euro em relação ao dólar. Combinação fatal que levará o continente à depressão ou, se optar pela inflação, à ruptura social, com o perigo dos EUA acusarem os europeus de praticarem dumping cambial se o euro se desvalorizar.
Por outro lado, há a tal promessa de investimento, da parte das empresas europeias, de US$ 600 bilhões na economia americana. Creio que as empresas europeias com alguma folga de caixa aumentarão os seus investimentos nos EUA, mas este investimento ficará muito, mas mesmo muito aquém dos tais 600 bilhões. E aqui reside mais uma armadilha. Os EUA poderão, quando ficar claro que a Europa não investirá esta soma na economia americana, rasgar o acordo e aumentar as tarifas sobre os produtos europeus, obtendo então um acordo ainda melhor.
E na questão energética, se lembrarmos que Bruxelas deseja impor sanções ainda mais duras à Rússia, a Europa terá ainda mais necessidade de recorrer ao gás e ao petróleo “americano”. Os EUA se aproveitarão, podem escrever, disto. Como? Comprarão mais petróleo e gás do “resto do mundo”(sabemos de onde virá) para os venderem com lucro aos europeus.
Enfim, há décadas tenho advertido que o imperialismo alemão, travestido de “projeto europeu”, levará todo o continente à ruína (mais uma vez). E à ruína econômica pode se somar a ruína de uma guerra devastadora. Mas não será uma guerra de atrito. Será uma guerra curta. Se Moscou perceber algum perigo iminente à oeste, o Kremlin fará um ataque preventivo. Ou vocês acham que os russos esperarão que a Europa se rearme e se torne uma ameaça? E os EUA, do outro lado do Oceano, nada farão, afinal, quem em sã consciência vai se matar, e acabar com a civilização no planeta, por causa de uma cambada de imbecis como a “Vandeleia” o o tal “Mer(da)z” (o chanceler alemão Friederich Merz)?
Para terminar, sublinho que estou convicto de que os imbecis de Bruxelas não desejam uma guerra, e sabem bem o quanto este acordo será danoso para todos os europeus (menos eles). Querem tensionamento máximo com a Rússia para imporem uma ditadura, sob a desculpa do “perigo russo”, e desejam uma depressão pois o modus operandi da União Europeia para concentrar mais poderes passa pela criação de crises gigantescas que justifiquem “soluções europeias”…
