Lorenzo Carrasco
A esperada cúpula Trump-Putin em Anchorage, Alasca, sinalizou acima de tudo o fim do período pós-Guerra Fria. Nele, os “neoconservadores” e sua gangue de belicistas em Washington deliravam em aproveitar o fim da União Soviética para retalhar e saquear a Rússia, motivo maior da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o Leste. Não poucos, ainda hoje, jogam com a noção delirante de que seria possível vencer uma guerra nuclear contra a Rússia.
Como ficou claro, nas declarações de Trump e na linguagem corporal dos dois, ali estavam os líderes das maiores potências nucleares do planeta, entendendo-se em um clima de cordialidade impensável no governo do senil Joe Biden e restabelecendo simbolicamente o princípio da dissuasão nuclear, que predominou até mesmo nos momentos mais difíceis da Guerra Fria. Um enorme passo para a multipolaridade, como admitiu o secretário de Estado Marco Rubio.
Quanto à guerra na Ucrânia, apesar de não ter havido nenhum anúncio referente a ela, Trump falou por telefone com o presidente Volodymyr Zelensky (que viajará a Washington na próxima segunda-feira) e com líderes europeus, escrevendo depois em sua rede social: “Foi determinado por todos que a melhor maneira de encerrar a horrível guerra entre a Rússia e a Ucrânia é ir diretamente para um Acordo de Paz que encerraria a guerra, e não um mero Acordo de Cessar-fogo, que com frequência não se sustenta.”
Aparentemente, o recado foi entendido.
