A arena política nacional ficou mobilizada por duas pautas que avançaram na Câmara dos Deputados, com o aval do presidente da Câmara: a chamada “PEC da Blindagem” e o PL da Anistia.
A primeira vem sendo alvo de uma grande campanha de mobilização da esquerda nas redes sociais, que contra ela buscam retomar protagonismo do bolsonarismo nas manifestações de rua. A proposta, que ainda não foi votada no Senado, não faz mais do que devolver as imunidades aos parlamentares, de acordo com o texto original da Constituição de 1988. Pode ser melhor entendida como uma reação do Legislativo ao ativismo judicial do Supremo, que atinge seu auge no atual cenário, de julgamento de Jair Bolsonaro e lobby pela aplicação de sanções pelo governo dos EUA a membros do STF, sob a chancela de Eduardo Bolsonaro.

Já o PL da Anistia, cuja relatoria cai nas mãos do deputado Paulinho da Força (SD-SP), deve ganhar forma tão diferente o possível do que querem os bolsonaristas, com a anistia aos condenados recentemente pelo golpe de Estado e aos presos no 08 de janeiro de 2023 convertida em apenas redução de penas para os condenados. Não à toa, passou a ser chamado de “PL da dosimetria”, em alusão ao mecanismo usado pelos juízes para definir a pena dos réus condenados.

No mais, o que podemos dizer é que ambas as pautas não mobilizam a maioria do povo brasileiro e manifestações contra ou a favor delas dificilmente vão lotar as ruas. O destino de Jair Bolsonaro parece estar selado: preso ou não, anistiado ou com a pena reduzida, deve ficar fora das urnas, cabendo ao bolsonarismo escolher um candidato que terá dificuldade em enfrentar Lula, mais pelos erros da oposição do que pela virtude política do atual presidente.
Seja como for, o establishment político brasileiro trabalha para que mais um presidente sem força, fraco diante do Congresso e do Judiciário se eleja, mesmo que seja um Lula mais debilitado do que agora está. Ou que seja um “direitista moderado”, que mantenha mesmo boa parte das políticas do atual presidente, mas com o verniz “mais conservador”. A não ser que algo diferente pinte no horizonte político…
Imagem: Lula Marques/ Agência Brasil
